quarta-feira, 10 de agosto de 2011

" O que é um Judeu ".



É muito difícil encontrar uma simples definição do que é um judeu.
Judeu é todo aquele que aceita a fé judaica. Esta é a definição religiosa.
Judeu é aquele que, não tendo afiliação religiosa formal, considera os ensinamentos do Judaísmo - sua ética, seus costumes, sua literatura - como propriedade sua. Esta é a definição cultural.
Judeu é aquele que se considera judeu ou que assim é considerado pela sua comunidade. Esta é a definição prática.
Como parte de inegável importância para qualquer definição válida, deve-se dizer também o que o judeu não é. Os judeus não são raça. A história revela que através de casamentos e conversões o seu número sofreu acréscimos sem conta. Há judeus morenos, louros, altos, baixos, de olhos azuis, verdes, castanhos e pretos. E apesar da maioria dos judeus serem de raça branca, há os judeus negros, os falashas, na Etiópia, os judeus chineses de Kai-Fung-Fu e um grupo de judeus índios no México, cuja origem, até hoje, ainda é um mistério para os antropólogos e arqueólogos.
Para se compreender o Judaísmo, a busca do absoluto no ritual e no dogma deve ser abandonada, para dar lugar a um exame de ampla filosofia à qual se subordina a nossa fé. As nossas regras de culto são muito menos severas do que as de conduta. Nossa crença no que se refere à Bíblia, aos milarges, à vida eterna - é secundária em relação à nossa fé nas potencialidades humanas e nas nossas responsabilidades para com o próximo. As modificações introduzidas, no decorrer dos anos, no ritual e nos costumes, são de importância menor comparadas com os valores eternos que fortaleceram a nossa fé através de incontáveis gerações e mantiveram o Judaísmo vivo, em face de todas as adversidades.

O Judaísmo sempre foi uma fé viva, crescendo e modificando-se constantemente como todas as coisas vivas. Somos um povo cujas raízes foram replantadas com demasia freqüência, cujas ligações com as mais diferentes culturas foram muito intensas para que o pensamento e tradições religiosas permanecessem imutáveis. Sucessivamente, os judeus fizeram parte das civilizações, dos assírios e babilônios, dos persas, dos gregos e romanos e, por fim, do mundo cristão. As paredes do gueto foram mais uma exceção do que propriamente uma regra no curso da história. Tais experiências, inevitavelmente, trouxeram consigo certas modificações e reinterpretações.
De qualquer maneira, a religião judaica conseguiu se desenvolver sem submeter-se ao dogmático ou ao profético. A fé do judeu exige que ele jejue no Dia do Perdão. Mas enquanto jejua, aprende a lição dos profetas que condenam o jejum que não é feito com probidade e benevolência. Ele vem à sinagoga para rezar e, durante o culto, lê as palavras de Isaías dizendo que a oração é inútil a não ser que ela seja o reflexo de uma vida de justiça e de misericórdia. Assim, o Judaísmo continua sendo uma fé flexível, que vê os valores através de símbolos e ao mesmo tempo se precavê contra cerimônias superficiais.
Acreditamos em D'us, um D'us pessoal cujos caminhos ultrapassam a nossa compreensão, mas cuja realidade ressalta a diferença que existe entre um mundo com finalidades e outro sem propósitos.
Acreditamos que o homem seja feito à imagem de D'us, que o papel do homem no universo é único e que, apesar da falha de sermos mortais, somos dotados de infinitas potencialidades para tudo o que é bom e grandioso.
São essas as nossas crenças religiosas básicas. Os outros pontos abordados acima podem ser considerados, como diria Hilel (1), “mero comentário”.


Fonte: Rabino Morris Kertzer - livro What is a Jew?  A primeira edição, bem como a adaptação para o
português, desta obra, foi planejada e realizada pelo Instituto Brasileiro Judaico de Cultura e Divulgação.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

"Tishá Be’Av - 9 de agosto de 2011– 9 de AV".





Os nove dias: 1 a 9 de agosto, 2011
"Quando começa o mês de Av, reduzimos nosso júbilo..." (Talmud, Tratado Ta'anit 26). Começando em 1º de Av, usualmente nos abstemos de diversas atividades que estão associadas à alegria.

9 de Av
O dia 9 de Av, Tishá BeAv, celebra uma lista de catástrofes tão graves que é claramente um dia especialmente amaldiçoado por D'us. O Primeiro Templo foi destruído neste dia. Cinco séculos mais tarde, conforme os romanos se aproximavam do Segundo Templo, prontos para incendiá-lo, os judeus ficaram chocados ao perceber que o Segundo Templo foi destruído no mesmo dia que o Primeiro.
Quando os judeus se rebelaram contra o governo romano, acreditavam que seu líder, Shimon bar Kochba, preencheria suas ânsias messiânicas. Mas suas esperanças foram cruelmente destroçadas em 135 EC, quando os judeus rebeldes foram brutalmente esquartejados na batalha final em Betar. A data do massacre? Nove de Av, é claro!
Os judeus foram expulsos da Inglaterra em 1290 EC em, você já sabe, Tishá BeAv. Em 1492, a Idade de Ouro da Espanha terminou, quando a Rainha Isabel e seu marido Fernando ordenaram que os judeus fossem banidos do país. O decreto de expulsão foi assinado em 31 de março de 1492, e os judeus tiveram exatamente três meses para colocar seus negócios em ordem e deixar o país. A data hebraica na qual nenhum judeu mais teve permissão de permanecer no país onde tinha desfrutado de receptividade e prosperidade? A esta altura, você já sabe que é 9 de Av.
Pronto para mais? A Segunda Guerra e o Holocausto, concluem os historiadores, foi na verdade a conclusão arrastada da Primeira Guerra, que começou em 1914. E sim, a Primeira Guerra Mundial começou, no calendário hebraico, a 9 de Av - Tishá BeAv.
O que você conclui disso tudo? Os judeus vêem estes fatos como outra confirmação da convicção profundamente enraizada de que a História não ocorre por acaso; os acontecimentos - mesmo os terríveis - são parte de um plano Divino, e têm um significado espiritual. A mensagem do tempo é que há um propósito racional, muito embora não possamos entendê-lo.

FONTE: BEIT CHABAD - SUA REFERÊNCIA JUDAICA NA INTERNET

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

" NÚMEROS ".

Números: Os Judeus e o Censo - O Censo da População do Povo Judeu
Atualmente, os judeus se concentram, em sua maior parte, nos Estados Unidos e em Israel. Cada um destes dois países têm população judaica muito superior a 5 milhões o que representa mais de 80% dos judeus do mundo. Os demais se dividem entre países como França (3,8%), Canadá (2,9%), Reino Unido (2,3%), Rússia (1,8%), Argentina (1,4%) e outros (5,1%). O Brasil está em 9º lugar com 0,7%.


Moshê, Aharon e os líderes das tribos do povo Judeu realizaram um censo, uma contagem dos judeus, conforme D’us ordenara: “Recebei a soma da toda a congregação dos filhos de Israel...tu e Aharon. E convosco estará de cada tribo um homem.”


A contagem dos cidadãos – censo da população – também é aceita e realizada atualmente, em todos os países. O levantamento de dados é realizado através de pessoas simples ou desempregados que vão de casa em casa com formularios que preenchem com informações coloetadas. Registram o número de pessoas que residentes no local, a idade, ocupação e mais algumas informações relevantes para o censo. Depois reúnem todos os formulários e os entregam ao órgão competente. A soma de todos os formulários nos possibilita saber o número de cidadãos do país, além de traçar um perfil da população. O recenseamento realizado no deserto ocorreu de modo totalmente diverso! Não foram convocadas pessoas simples e desocupadas, mas justamente as mais importantes do povo – Moshê, Aharon e os líderes das tribos. À Moshê Rabênu, líder e membro mais destacado do povo judeu, D’us incumbiu a tarefa de realizar o censo. Moshê precisou deixar todos os seus afazeres e ir de tenda em tenda verificar o número de almas que chegaram aos vinte anos de idade. Por que justamente Moshê, Aharon e os líderes das tribos foram de tenda em tenda contando os judeus? Porque desta forma fica claro a grande importância e mérito que Hashem atribui a cada judeu. A contagem do povo não é algo secular, e sim, atribuído à ordem Divina e executada no deserto. Cada judeu é santo, cada judeu é verdadeiramente uma partícula de D’us. A contagem do povo sagrado é uma mitsvá. Quando os recenseadores entravam em cada tenda deveriam trajar roupas de Shabat, e realizar a contagem com amabilidade, cortesia e gentileza, pois tratando-se de um procedimento ordenado por D’us, era sagrado. O mesmo ocorre com tudo o que é secular. O que é mundano acaba adquirindo uma importância e santidade especiais: a alimentação, a bebida, a decoração do lar, a educação dos filhos. Foi por isso que justamente Moshê, Aharon e os líderes das tribos receberam a tarefa de realizar o censo.

Observação N.E.: Os dados númericos da "atualidade" podem estar desatualizados com relação aos números reais para 2011, entretanto os dados históricos refletem a realidade.

Fonte:  Pela Yeshivá Tomchei Tmimim Lubavitch : Devar Malchut - Palavras do Rebe Baseado em Hitvaaduiot 5745, págs. 2092-2094 extraido de http://chabad.org.br/biblioteca/artigos/censo/home.html}

" Por que sou Judeu? ".

1. Não é por acreditar que o judaísmo contenha tudo o que existe na história humana. Judeus não escreveram os sonetos de Shakespeare ou os quartetos de Beethoven. Não presenteamos o mundo com a serena beleza de um jardim japonês ou com a arquitetura da Grécia antiga. Admiro as tradições que lhes deram origem. Aval zé he-lanu. Mas isto é nosso.

2. Não sou judeu em razão do anti-semitismo ou para evitar dar a Hitler uma vitória póstuma. O que me acontece não define quem sou: O nosso é um povo da fé, não do destino.

3. Não sou judeu por pensar que somos melhores, mais inteligentes, virtuosos, criativos, generosos e bem sucedidos que os outros. A diferença não está nos judeus, mas, sim, no judaísmo; não no que somos, mas no que somos convocados a ser.

4. Sou judeu porque filho do meu povo ouvi o chamado para adicionar meu capitulo a esta história não finalizada. Eu sou uma etapa nesta jornada, um elo de ligação entre as gerações. Os sonhos dos meus ancestrais vivem em mim e sou guardião de sua confiança, agora e no futuro.

5. Sou judeu porque nossos ancestrais foram os primeiros a ver que o mundo tem um propósito moral, que a realidade não é uma guerra incessante entre os elementos para que sejam idolatrados como deuses, e nem que a história é uma batalha na qual o mais forte tem sempre razão e que o poder deve ser satisfeito. A tradição judaica moldou a moral de civilização ocidental, ensinando pela primeira vez que a vida humana é sagrada, que um ser humano nunca pode ser sacrificado em nome das massas e que, ricos e pobres, grandes e pequenos, todos são iguais perante D-us.

6. Sou judeu porque sou herdeiro moral daqueles que estiveram presentes ao pé do Monte Sinai e se comprometeram a viver segundo estas verdades, tornando-se um reino de sacerdotes e uma nação sagrada. Sou o descendente de incontáveis gerações de ancestrais que, embora dolorosamente testados e submetidos a amarga provações, permaneceram fiéis aquele pacto quando podiam tão facilmente ter desertado.

7. Sou judeu em virtude do Shabat, a maior instituição religiosa do mundo, um tempo no qual não há manipulação da natureza ou de nossos companheiros humanos, onde nos reunimos em liberdade e igualdade para criar, a cada semana, uma antecipação da era messiânica.

8. Sou judeu porque nossa nação, mesmo em tempos de imensa pobreza, nunca desistiu de seu compromisso de ajudar necessitados, de resgatar judeus de outras terras ou de lutar por justiça em prol do oprimido, fazendo estas coisas sem esperar congratulações, mas porque são mitzvot, porque um judeu não poderia fazer menos.

9. Sou judeu porque amo a Torá, e sei que D-us é encontrado não nas forças da natureza, mas nos significados morais, nas palavras, textos, ensinamentos e mandamentos, e porque os judeus, mesmo quando tudo o mais lhe faltou, jamais deixou de valorizar a educação como tarefa sagrada, dotando os indivíduos de dignidade e profundidade.

10. Sou judeu em razão da fé apaixonada que o nosso povo nutre pela liberdade, sustentando que cada um de nós é agente moral e que nisto repousa nossa dignidade única enquanto seres humanos e, também, porque o judaísmo nunca permitiu que seus ideais se tornassem inatingíveis, mas em vez disso, traduziu-os em atos que chamamos de mitzvot, e em um caminho ao qual chamamos Halachá, trazendo     assim o céu à terra.

Eu simplesmente tenho orgulho de ser judeu

Tenho orgulho de ser parte de um povo que, apesar dos traumas e cicatrizes, nunca perdeu seu humor ou sua fé, sua habilidade de rir dos problemas à sua frente e ainda acreditar na redenção final; um povo que viu a história humana como uma jornada e nunca deixou de prosseguir e procurar.

1. Tenho orgulho de ser parte de uma era em que meu povo, devastado pelo mais hediondo crime já cometido contra um povo, respondeu revivendo sua terra, re-cobrando sua soberania, resgatando judeus ameaçados em todo o mundo, reconstruindo Jerusalém e provando-se tão corajoso na busca pela paz como na defesa em tempos de guerra.

2. Eu me orgulho do fato de nossos ancestrais sempre terem se recusado a aceitar acomodações prematuras e de que, quando perguntados se "O Messias já chegou?" sempre responderam "Ainda não".

3. Tenho orgulho de pertencer a Israel cujo povo significa "aquele que enfrenta a D-us e ao homem e prevalece". Porque, apesar de amarmos a humanidade, nunca cessamos de lutar com ela, desafiando os ídolos de todas as eras. E apesar de nosso amor eterno por D-us, nunca deixamos de questioná- Lo - e nem ELE a nós.


* Texto extraído do livro  "Uma Letra da Torá  do Rabino Jonathan Sacks. Reproduzido aqui com autorização do representante do autor.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

" Hebreus, Israelitas e Judeus ".

hebreus, israelitas, judeus, significado, explicação, bíblia

Essas três palavras confundem muitos estudantes da Bíblia, principalmente aqueles que estão iniciando. Na verdade os três termos correspondem ao mesmo povo. Hebreus, israelitas e judeus são nomes dados ao povo que na Bíblia é descrito como povo “escolhido de D'us”. Alguns homens que conhecemos bastante fizeram parte desse povo: Abraão, Moisés e Davi. Bom, vamos então explicar com um pouco mais de detalhes cada uma das expressões:
Hebreus: É uma designação que se aplica a Abraão e seus descendentes. Abraão foi quem deu início a esse povo. A primeira pessoa a ser chamada de hebreu na Bíblia foi Abraão. “Porém veio um, que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu…” (Gn 14. 13).Até o momento em que D'us mudou o nome de Jacó, filho de Isaque, esse povo (ainda pequeno) era chamado de hebreus.
Israelitas: Após o encontro de Jacó, filho de Isaque, com D'us, Este lhe mudou o nome para Israel, e a partir daí esse povo também começou a ser chamado de israelitas. Isso se deu com os descendentes dos 12 filhos de Israel (Jacó), que geraram as famosas 12 tribos de Israel. Até aqui existem dois nomes para o mesmo povo (hebreus e israelitas).
Judeus:Muito tempo se passou e depois que o povo (hebreu/israelita) voltou do cativeiro, a maioria dos que voltaram era da tribo de Judá, e ficou corrente chamar esse povo de judeus. O termo “judeus” também é usado para designar os seguidores do judaísmo.

Hoje, os descendentes que ainda restam desse povo são comumente chamados de judeus. Os nomes hebreus e israelitas são pouco usados em nosso tempo.

Por André Sanchez

domingo, 24 de julho de 2011

" A descendência judaica no Brasil."



Um povo para ser destacado dentre as nações precisa conhecer sua identidade, buscando profundamente suas raízes. Os povos formadores do tronco racial do Brasil são perfeitamente conhecidos, como: o índio, o negro e o branco, destacando o elemento português, nosso colonizador. Mas, quem foram estes brancos portugueses? Pôr que eles vieram colonizar o Brasil? Viriam eles atraídos só pelas riquezas e Maravilhas da terra Pau-Brasil? A grande verdade é que muitos historiadores do Brasil colonial ocultaram uma casta étnica que havia em Portugal denominada por cristãos novos, ou seja, os Judeus! Pôr que? (responder esta pergunta poderia ser objeto de um outro artigo). Em 1499, já quase não havia mais judeus em Portugal, pois estes agora tinham uma outra denominação: eram os cristãos novos. Eles eram proibidos de deixar o país, a fim de não desmantelar a situação financeira e comercial daquela época, pois os judeus eram prósperos.

Os judeus sefarditas, então, eram obrigados a viver numa situação penosa, pois, por um lado, eram obrigados a confessar a fé cristã e por outro, seus bens eram espoliados, viviam humilhados e confinados naquele país. Voltar para a Espanha, de onde foram expulsos era impossível, bem como seguir em frente, tendo à vista o imenso oceano Atlântico. O milagre do Mar Vermelho se abrindo, registrado no Livro de Êxodo, precisava acontecer novamente.

Naquele momento de crise, perseguição e desespero, uma porta se abriu: providência divina ou não, um corajoso português rasga o grande oceano com sua esquadra e, em abril de 1500, o Brasil foi descoberto.

Na própria expedição de Pedro Álvares Cabral já aparecem alguns judeus, dentre eles, Gaspar Lemos, Capitão-mor, que gozava de grande prestígio com o Rei D. Manuel. Podemos imaginar com que tamanha alegria regressou Gaspar Lemos a Portugal, levando consigo esta boa nova: - descobria-se um paraíso, uma terra cheia de rios e montanha, fauna e flora jamais vistos. Teria pensado consigo: não seria ela uma "terra escolhida" para meus irmãos hebreus? Esta imaginação começou a tornar-se realidade quando o judeu Fernando de Noronha, primeiro arrendatário do Brasil, demanda trazer um grande número de mão de obra para explorar seiscentas milhas da costa, construindo e guarnecendo fortalezas na obrigação de pagar uma taxa de arrendamento à coroa portuguesa a partir do terceiro ano. Assim, milhares e milhares de judeus fugindo da chamada "Santa Inquisição" e das perseguições do "Santo Ofício" de Roma, começaram a colonizar este país.

Afinal, os judeus ibéricos, como qualquer outro judeu da diáspora, procurava um lugar tranqüilo e seguro para ali se estabelecer, trabalhar, e criar sua família dignamente. O tema é muito vasto e de grande riqueza bibliográfica e histórica.

Assim, queremos com esta matéria abordar ligeiramente o referido tema, despertando, principalmente, o leitor interessado que vive fora da comunidade judaica. Neste pequeno estudo, queremos mencionar a influência judaica na formação da raça brasileira, apresentando apenas alguns fatos históricos importantes ocorridos no Brasil colonial, destacando uma lista de nomes de judeus portugueses e brasileiros que enfrentaram os julgamentos do "Santo Ofício" no período da Inquisição.

Os fatos históricos são muitos e podem ser encontrados em vários livros que tratam com detalhes desse assunto, como já mencionado.
Comecemos, então, apresentando um pequeno resumo da história dos judeus estendendo até ao período do Brasil Colonial. Desde a época em que o Rei Nabucodonosor conquistou Israel, os hebreus começaram a imigrar-se para a península ibérica. A comunidade judaica na península cresceu ainda mais durante os séculos II e I a.C., no período dos judeus Macabeus. Mais tarde, depois de Cristo, no ano 70, o imperador Tito ordenou destruir Jerusalém, determinando a expulsão de todo judeu de sua própria terra. A derrota final ocorreu com Bar Kochba no ano 135 d.C, já na diáspora propriamente dita. A história confirma a presença dos judeus ibéricos, também denominados "sefaradim", nessa península, no período dos godos, como comprovam as leis góticas que já os discriminavam dos cristãos. As relações judaico-cristãs começaram a agravar-se rapidamente após a chegada a Portugal de 120.000 judeus fugitivos e expulsos pela Inquisição Espanhola por meio do decreto dos Reis Fernando e Isabel em 31.03.1492. Não demorou muito, a situação também se agravava em Portugal com o casamento entre D. Manoel I e Isabel, princesa espanhola filha dos reis católicos. Várias leis foram publicadas nessa época, destacando-se o édito de expulsão de D. Manoel I. Mais de 190.000 judeus foram forçados a confessar a fé católica, e após o batismo eram denominados "cristãos novos", quando mudavam também os seus nomes. Várias atrocidades foram cometidas contra os judeus, que tinham seus bens confiscados, saqueados, sendo suas mulheres prostituídas e atiradas às chamas das fogueiras e as crianças tinham seus crânios esmagados dentro das próprias casas.

O descobrimento do Brasil em 1500 veio a ensejar uma nova oportunidade para esse povo sofrido. Já em 1503 milhares de "cristãos novos" vieram para o Brasil auxiliar na colonização. Em 1531, Portugal obteve de Roma a indicação de um Inquisidor Oficial para o Reino, e em 1540, Lisboa promulgou seu primeiro Auto de fé. Daí em diante o Brasil passou a ser terra de exílio, para onde eram transportados todos os réus de crimes comuns, bem como judaizantes, ou seja, aqueles que se diziam aparentemente cristãos novos, porém, continuavam em secreto a professar a fé judaica. E é nesses judaizantes portugueses que vieram para o Brasil nessa época que queremos concentrar nossa atenção.

De uma simples terra de exílio a situação evoluiu e o Brasil passou a ser visto como colônia. Em 1591 um oficial da Inquisição era designado para a Bahia, então capital do Brasil. Não demorou muito, já em 1624, a Santa Inquisição de Lisboa processava pela primeira vez contra 25 judaizantes brasileiros (os nomes abaixo foram extraídos dos arquivos da Inquisição da Torre do Tombo, em Lisboa). Os nomes dos judaizantes e os números dos seus respectivos dossiês foram extraídos do Livro: "Os Judeus no Brasil Colonial" de Arnold Wiznitzer - página 35 - Pioneira Editora da Universidade de São Paulo:

Alcoforada, Ana 11618.
Antunes, Heitor 4309.
Antunes, Beatriz 1276.
Costa, Ana da 11116.
Dias, Manoel Espinosa 3508.
Duarte, Paula 3299.
Gonçalves, Diogo Laso 1273.
Favella, Catarina 2304.
Fernandes, Beatriz 4580.
Lopes, Diogo 4503.
Franco, Lopes Matheus 3504.
Lopes, Guiomar 1273.
Maia, Salvador da 3216.
Mendes, Henrique 4305.
Miranda, Antônio de 5002.
Nunes, João 12464.
Rois, Ana 12142.
Souza, João Pereira de 16902.
Teixeira, Bento 5206.
Teixeira, Diogo 5724.
Souza, Beatriz de 4273.
Souza, João Pereira de 16902.
Souza, Jorge de 2552.
Ulhoa, André Lopes 5391.

Continuando nossa pesquisa, podemos citar outras dezenas e dezenas de nomes e sobrenomes, devidamente documentados, cujas pessoas foram também processadas a partir da data em que a Inquisição foi instalada aqui no Brasil. É importante ressaltar que nesses processos os sobrenomes abaixo receberam a qualificação de "judeus convictos" ou "judeus relapsos" em alguns casos. Por questão de espaço citaremos apenas nesta primeira parte os sobrenomes, dispensando os pré-nomes:

Abreu Álvares Azeredo Ayres - Affonseca Azevedo Affonso Aguiar - Almeida Amaral Andrade Antunes - Araújo Ávila Azeda Barboza - Barros Bastos Borges Bulhão - Bicudo Cardozo Campos Cazado - Chaves Costa Carvalho Castanheda - Castro Coelho Cordeiro Carneiro - Carnide Castanho Corrêa Cunha - Diniz Duarte Delgado Dias - Esteves Évora Febos Fernandes - Flores Franco Ferreira Figueira - Fonseca Freire Froes Furtado - Freitas Galvão Garcia Gonçalves - Guedes Gomes Gusmão Henriques - Izidro Jorge Laguna Lassa - Leão Lemos Lopes Lucena - Luzaete Liz Lourenço Macedo - Machado Maldonado Mascarenhas - Martins Medeiros Medina Mendes Mendonça Mesquita - Miranda Martins Moniz Monteiro - Moraes Morão Moreno Motta - Munhoz Moura Nagera Navarro - Nogueira Neves Nunes Oliveira - Oróbio Oliva Paes Paiva - Paredes Paz Pereira Perez - Pestana Pina Pinheiro Pinto - Pires Porto Quaresma Quental - Ramos Rebello Rego Reis - Ribeiro Rios Rodrigues Rosa - Sá Sequeira Serqueira Serra - Sylva Silveira Simões Siqueira - Soares Souza Tavares Telles - Torrones Tovar Trigueiros Trindade - Valle Valença Vargas Vasques - Vaz Veiga Vellez Vergueiro - Vieira Villela.

A lista dos sobrenomes citados acima não exclui a possibilidade da existência de outros sobrenomes portugueses de origem judaica. (Fonte: Extraído do livro: "Raízes judaicas no Brasil" - Flávio Mendes de Carvalho - Ed. Nova Arcádia 1992).

Todos esses judeus brasileiros, cujos sobrenomes estão citados acima, foram julgados e condenados pela Inquisição de Lisboa, sendo que alguns foram deportados para Portugal e queimados, como, por exemplo, o judeu Antônio Felix de Miranda, que foi o primeiro judeu a ser deportado do Brasil Colônia. Outros foram condenados a cárcere e hábito perpétuo.

Quando os judeus aqui chegavam, desembarcavam na maioria das vezes na Bahia, por ser naquela época o principal porto. Acompanhando a história dessas famílias, nota-se que grande parte delas se dirigia em direção ao sul, muitas vezes fixando residência nos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Outros subiam em direção ao norte do país, destacando a preferência pelos estados de Pernambuco e Pará. Esses estados foram bastante influenciados por uma série de costumes judaicos. É importante ressaltar que não podemos afirmar que todo brasileiro, cujo sobrenome constante desta lista acima, seja necessariamente descendente direto de judeus portugueses.

Para saber-se ao certo necessitaria uma pesquisa mais ampla, estudando a árvore genealógica das famílias, o que pode ser feito com base nos registros disponíveis nos cartórios. Mas, com certeza, o Brasil tem no seu sangue e nas suas raízes os traços marcantes deste povo muito mais do que se imagina, quer na sua espiritualidade, religiosidade ou mesmo em muitos costumes.

Constatamos que o Brasil já se destaca dentre outras nações como uma nação que cresce rapidamente na direção de uma grande potência mundial. A influência histórica judaica sefardita é inegável. Os traços físicos de nosso povo, os costumes, hábitos e algumas tradições são marcas indubitáveis desta herança. Mas, há uma outra grande herança de nosso povo, a fé. O brasileiro na sua maioria pode ser caracterizado como um povo de fé, principalmente, quando esta fé está fundamentada no conhecimento do Deus de Abraão, Isaque e Jacó, ou seja, no único e soberano Deus de Israel.
Isto sim tem sido o maior, o melhor e o mais nobre legado do povo judeu ao povo brasileiro e à humanidade.


sexta-feira, 22 de julho de 2011

" Datas Comemorativas do Calendário Judaico ".


Datas Comemorativas do Calendário Judaico
     
 Yom Kipur  
    
 O Dia do Perdão, o mais santo do calendário judaico, é também chamado de Dia do Arrependimento. Marcado por jejum e preces, é o dia de pedir perdão ao próximo e a D'us. O destino de cada um é selado neste dia. [Leia mais…]
7 -8 de outubro, 2011 – 10 de Tishrei
  
     
 
 
     
 Sucot  
    
 A Festa dos Tabernáculos ou Cabanas comemora a proteção Divina aos Filhos de Israel durante os 40 anos de peregrinação no deserto. Sucot também é chamada Festa da Colheita, quando os frutos da terra são armazenados em Israel. Durante Sucot, uma bênção especial é recitada sobre as Quatro Espécies: cidra, palma de tamareira, murtas e salgueiros. [Leia mais…]
12-19 de outubro, 2011– 14-21 de Tishrei
  
     
 
 
     
 Shemini Atsêret  
    
 O "Oitavo Dia da Assembléia Solene" é uma festa à parte ao final de Sucot. Há uma prece especial por chuvas para a Terra de Israel. [Leia mais…]
20 de outubro, 2011 – 22 de Tishrei
  
     
 
 
     
 Simchat Torá  
    
 O dia do "Júbilo com a Torá" no qual o ciclo anual da leitura da Torá é terminado e reiniciado. Nesta data dançamos e nos alegramos com a Torá. [Lei amais…]
21 de outubro, 2011 – 23 de Tishrei
  
     
 
 
     
 Chanucá  
    
 Chanucá comemora a reinauguração do Templo Sagrado de Jerusalém, após a vitória dos macabeus. É celebrada durante oito dias através do acendimento da menorá que lembra os milagres ocorridos. [Leia mais…]
20 -28 de dezembro, 2011– 25 de Kislêv - 2 de Tevet
  
     
 
 
    
 Tu Bishvat  
    
 Ano Novo das Árvores. É costume comer frutas com as quais a Terra de Israel é louvada.[Leia mais…]
20 de janeiro, 2011– 15 de Shevat
  
    
 
 
    
 Purim  
    
 Purim comemora a libertação do povo judeu da destruição planejada pelo perverso Haman. A história é relatada na Meguilá de Ester. [Leia mais…]
19-20 de março, 2011– 13-14 de Adar II
  
     
 
 
     
 Pêssach  
    
 Pêssach comemora a libertação do povo judeu da escravidão no Egito. Uma das maiores mitsvot durante esta festa é a proibição de consumir alimentos fermentados e a obrigação de comer matsá. [Leia mais…]
19-26 de abril, 2011– 15-22 de Nissan
  
     
 
 
     
 Pêssach Sheni  
    
 Observado um mês após Pêssach como uma segunda chance para oferecer o cordeiro pascal aos que não conseguiram fazê-lo na véspera de Pêssach. Costuma-se comer um pedaço de matsá neste dia. [Leia mais…]
18 de maio, 2011– 14 de Iyar
  
     
 
 
     
 Lag Baômer  
    
 Entre Pêssach e Shavuot os discípulos de Rabi Akiva faleceram de uma praga, gerando um período de meio-luto que dura até hoje, mas no dia de Lag Baômer a praga cessou. Esta data marca o falecimento de Rabi Shimon bar Yochai. [Leia mais…]
22 de maio, 2011– 18 de Iyar
  
     
 
 
     
 Shavuot  
    
 Shavuot, a Festa das Semanas, comemora a Outorga da Torá no Monte Sinai sete semanas após a saída do Egito. Neste dia os Dez Mandamentos são lidos nas sinagogas. Também é chamada Chag Habicurim, a Festa das Primícias, levadas ao Templo a partir de Shavuot. [Leia mais…]
8-9 de junho, 2011 – 6-7 de Sivan
  
     
 
 
     
 17 de Tamuz e as três semanas  
    
 Este período entre os jejuns de 17 de Tamuz e 9 de Av inclui três semanas de luto pela destruição de Jerusalém e o exílio do povo judeu. [Leia mais…]
17 de Tamuz – 19 de julho
As Três Semanas tem início 19 de julho de 2011
  
     
 
 
     
 Tishá B’Av  
    
 9 de Av é um dia de luto e jejum pela destruição do Templo Sagrado de Jerusalém e exílio do povo judeu. [Leia mais…]
Tishá Be’Av - 9 de agosto de 2011– 9 de Av
  
     
 
 
     
 Tu B’Av  
    
 É um dia festivo por vários fatos históricos alegres que aconteceram nesta data. Muitos casamentos eram celebrados nesta data. [Leia mais…]15 de agosto, 2011– 15 de Av
  
     
 
 
     
 Rosh Hashaná  
    
 O Ano Novo judaico é o Dia do Julgamento, quando D'us determina o destino de cada um para o ano que se inicia. Parte principal do serviço de Rosh Hashaná é o toque do shofar, o chifre de carneiro, que desperta as pessoas para o arrependimento. [Leia mais…]
29 e 30 de setembro, 2011 – 1-2 de Tishrei 5772


FONTE: BEIT CHABAD - SUA REFERÊNCIA JUDAICA NA INTERNET.