domingo, 24 de julho de 2011

" A descendência judaica no Brasil."



Um povo para ser destacado dentre as nações precisa conhecer sua identidade, buscando profundamente suas raízes. Os povos formadores do tronco racial do Brasil são perfeitamente conhecidos, como: o índio, o negro e o branco, destacando o elemento português, nosso colonizador. Mas, quem foram estes brancos portugueses? Pôr que eles vieram colonizar o Brasil? Viriam eles atraídos só pelas riquezas e Maravilhas da terra Pau-Brasil? A grande verdade é que muitos historiadores do Brasil colonial ocultaram uma casta étnica que havia em Portugal denominada por cristãos novos, ou seja, os Judeus! Pôr que? (responder esta pergunta poderia ser objeto de um outro artigo). Em 1499, já quase não havia mais judeus em Portugal, pois estes agora tinham uma outra denominação: eram os cristãos novos. Eles eram proibidos de deixar o país, a fim de não desmantelar a situação financeira e comercial daquela época, pois os judeus eram prósperos.

Os judeus sefarditas, então, eram obrigados a viver numa situação penosa, pois, por um lado, eram obrigados a confessar a fé cristã e por outro, seus bens eram espoliados, viviam humilhados e confinados naquele país. Voltar para a Espanha, de onde foram expulsos era impossível, bem como seguir em frente, tendo à vista o imenso oceano Atlântico. O milagre do Mar Vermelho se abrindo, registrado no Livro de Êxodo, precisava acontecer novamente.

Naquele momento de crise, perseguição e desespero, uma porta se abriu: providência divina ou não, um corajoso português rasga o grande oceano com sua esquadra e, em abril de 1500, o Brasil foi descoberto.

Na própria expedição de Pedro Álvares Cabral já aparecem alguns judeus, dentre eles, Gaspar Lemos, Capitão-mor, que gozava de grande prestígio com o Rei D. Manuel. Podemos imaginar com que tamanha alegria regressou Gaspar Lemos a Portugal, levando consigo esta boa nova: - descobria-se um paraíso, uma terra cheia de rios e montanha, fauna e flora jamais vistos. Teria pensado consigo: não seria ela uma "terra escolhida" para meus irmãos hebreus? Esta imaginação começou a tornar-se realidade quando o judeu Fernando de Noronha, primeiro arrendatário do Brasil, demanda trazer um grande número de mão de obra para explorar seiscentas milhas da costa, construindo e guarnecendo fortalezas na obrigação de pagar uma taxa de arrendamento à coroa portuguesa a partir do terceiro ano. Assim, milhares e milhares de judeus fugindo da chamada "Santa Inquisição" e das perseguições do "Santo Ofício" de Roma, começaram a colonizar este país.

Afinal, os judeus ibéricos, como qualquer outro judeu da diáspora, procurava um lugar tranqüilo e seguro para ali se estabelecer, trabalhar, e criar sua família dignamente. O tema é muito vasto e de grande riqueza bibliográfica e histórica.

Assim, queremos com esta matéria abordar ligeiramente o referido tema, despertando, principalmente, o leitor interessado que vive fora da comunidade judaica. Neste pequeno estudo, queremos mencionar a influência judaica na formação da raça brasileira, apresentando apenas alguns fatos históricos importantes ocorridos no Brasil colonial, destacando uma lista de nomes de judeus portugueses e brasileiros que enfrentaram os julgamentos do "Santo Ofício" no período da Inquisição.

Os fatos históricos são muitos e podem ser encontrados em vários livros que tratam com detalhes desse assunto, como já mencionado.
Comecemos, então, apresentando um pequeno resumo da história dos judeus estendendo até ao período do Brasil Colonial. Desde a época em que o Rei Nabucodonosor conquistou Israel, os hebreus começaram a imigrar-se para a península ibérica. A comunidade judaica na península cresceu ainda mais durante os séculos II e I a.C., no período dos judeus Macabeus. Mais tarde, depois de Cristo, no ano 70, o imperador Tito ordenou destruir Jerusalém, determinando a expulsão de todo judeu de sua própria terra. A derrota final ocorreu com Bar Kochba no ano 135 d.C, já na diáspora propriamente dita. A história confirma a presença dos judeus ibéricos, também denominados "sefaradim", nessa península, no período dos godos, como comprovam as leis góticas que já os discriminavam dos cristãos. As relações judaico-cristãs começaram a agravar-se rapidamente após a chegada a Portugal de 120.000 judeus fugitivos e expulsos pela Inquisição Espanhola por meio do decreto dos Reis Fernando e Isabel em 31.03.1492. Não demorou muito, a situação também se agravava em Portugal com o casamento entre D. Manoel I e Isabel, princesa espanhola filha dos reis católicos. Várias leis foram publicadas nessa época, destacando-se o édito de expulsão de D. Manoel I. Mais de 190.000 judeus foram forçados a confessar a fé católica, e após o batismo eram denominados "cristãos novos", quando mudavam também os seus nomes. Várias atrocidades foram cometidas contra os judeus, que tinham seus bens confiscados, saqueados, sendo suas mulheres prostituídas e atiradas às chamas das fogueiras e as crianças tinham seus crânios esmagados dentro das próprias casas.

O descobrimento do Brasil em 1500 veio a ensejar uma nova oportunidade para esse povo sofrido. Já em 1503 milhares de "cristãos novos" vieram para o Brasil auxiliar na colonização. Em 1531, Portugal obteve de Roma a indicação de um Inquisidor Oficial para o Reino, e em 1540, Lisboa promulgou seu primeiro Auto de fé. Daí em diante o Brasil passou a ser terra de exílio, para onde eram transportados todos os réus de crimes comuns, bem como judaizantes, ou seja, aqueles que se diziam aparentemente cristãos novos, porém, continuavam em secreto a professar a fé judaica. E é nesses judaizantes portugueses que vieram para o Brasil nessa época que queremos concentrar nossa atenção.

De uma simples terra de exílio a situação evoluiu e o Brasil passou a ser visto como colônia. Em 1591 um oficial da Inquisição era designado para a Bahia, então capital do Brasil. Não demorou muito, já em 1624, a Santa Inquisição de Lisboa processava pela primeira vez contra 25 judaizantes brasileiros (os nomes abaixo foram extraídos dos arquivos da Inquisição da Torre do Tombo, em Lisboa). Os nomes dos judaizantes e os números dos seus respectivos dossiês foram extraídos do Livro: "Os Judeus no Brasil Colonial" de Arnold Wiznitzer - página 35 - Pioneira Editora da Universidade de São Paulo:

Alcoforada, Ana 11618.
Antunes, Heitor 4309.
Antunes, Beatriz 1276.
Costa, Ana da 11116.
Dias, Manoel Espinosa 3508.
Duarte, Paula 3299.
Gonçalves, Diogo Laso 1273.
Favella, Catarina 2304.
Fernandes, Beatriz 4580.
Lopes, Diogo 4503.
Franco, Lopes Matheus 3504.
Lopes, Guiomar 1273.
Maia, Salvador da 3216.
Mendes, Henrique 4305.
Miranda, Antônio de 5002.
Nunes, João 12464.
Rois, Ana 12142.
Souza, João Pereira de 16902.
Teixeira, Bento 5206.
Teixeira, Diogo 5724.
Souza, Beatriz de 4273.
Souza, João Pereira de 16902.
Souza, Jorge de 2552.
Ulhoa, André Lopes 5391.

Continuando nossa pesquisa, podemos citar outras dezenas e dezenas de nomes e sobrenomes, devidamente documentados, cujas pessoas foram também processadas a partir da data em que a Inquisição foi instalada aqui no Brasil. É importante ressaltar que nesses processos os sobrenomes abaixo receberam a qualificação de "judeus convictos" ou "judeus relapsos" em alguns casos. Por questão de espaço citaremos apenas nesta primeira parte os sobrenomes, dispensando os pré-nomes:

Abreu Álvares Azeredo Ayres - Affonseca Azevedo Affonso Aguiar - Almeida Amaral Andrade Antunes - Araújo Ávila Azeda Barboza - Barros Bastos Borges Bulhão - Bicudo Cardozo Campos Cazado - Chaves Costa Carvalho Castanheda - Castro Coelho Cordeiro Carneiro - Carnide Castanho Corrêa Cunha - Diniz Duarte Delgado Dias - Esteves Évora Febos Fernandes - Flores Franco Ferreira Figueira - Fonseca Freire Froes Furtado - Freitas Galvão Garcia Gonçalves - Guedes Gomes Gusmão Henriques - Izidro Jorge Laguna Lassa - Leão Lemos Lopes Lucena - Luzaete Liz Lourenço Macedo - Machado Maldonado Mascarenhas - Martins Medeiros Medina Mendes Mendonça Mesquita - Miranda Martins Moniz Monteiro - Moraes Morão Moreno Motta - Munhoz Moura Nagera Navarro - Nogueira Neves Nunes Oliveira - Oróbio Oliva Paes Paiva - Paredes Paz Pereira Perez - Pestana Pina Pinheiro Pinto - Pires Porto Quaresma Quental - Ramos Rebello Rego Reis - Ribeiro Rios Rodrigues Rosa - Sá Sequeira Serqueira Serra - Sylva Silveira Simões Siqueira - Soares Souza Tavares Telles - Torrones Tovar Trigueiros Trindade - Valle Valença Vargas Vasques - Vaz Veiga Vellez Vergueiro - Vieira Villela.

A lista dos sobrenomes citados acima não exclui a possibilidade da existência de outros sobrenomes portugueses de origem judaica. (Fonte: Extraído do livro: "Raízes judaicas no Brasil" - Flávio Mendes de Carvalho - Ed. Nova Arcádia 1992).

Todos esses judeus brasileiros, cujos sobrenomes estão citados acima, foram julgados e condenados pela Inquisição de Lisboa, sendo que alguns foram deportados para Portugal e queimados, como, por exemplo, o judeu Antônio Felix de Miranda, que foi o primeiro judeu a ser deportado do Brasil Colônia. Outros foram condenados a cárcere e hábito perpétuo.

Quando os judeus aqui chegavam, desembarcavam na maioria das vezes na Bahia, por ser naquela época o principal porto. Acompanhando a história dessas famílias, nota-se que grande parte delas se dirigia em direção ao sul, muitas vezes fixando residência nos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Outros subiam em direção ao norte do país, destacando a preferência pelos estados de Pernambuco e Pará. Esses estados foram bastante influenciados por uma série de costumes judaicos. É importante ressaltar que não podemos afirmar que todo brasileiro, cujo sobrenome constante desta lista acima, seja necessariamente descendente direto de judeus portugueses.

Para saber-se ao certo necessitaria uma pesquisa mais ampla, estudando a árvore genealógica das famílias, o que pode ser feito com base nos registros disponíveis nos cartórios. Mas, com certeza, o Brasil tem no seu sangue e nas suas raízes os traços marcantes deste povo muito mais do que se imagina, quer na sua espiritualidade, religiosidade ou mesmo em muitos costumes.

Constatamos que o Brasil já se destaca dentre outras nações como uma nação que cresce rapidamente na direção de uma grande potência mundial. A influência histórica judaica sefardita é inegável. Os traços físicos de nosso povo, os costumes, hábitos e algumas tradições são marcas indubitáveis desta herança. Mas, há uma outra grande herança de nosso povo, a fé. O brasileiro na sua maioria pode ser caracterizado como um povo de fé, principalmente, quando esta fé está fundamentada no conhecimento do Deus de Abraão, Isaque e Jacó, ou seja, no único e soberano Deus de Israel.
Isto sim tem sido o maior, o melhor e o mais nobre legado do povo judeu ao povo brasileiro e à humanidade.


sexta-feira, 22 de julho de 2011

" Datas Comemorativas do Calendário Judaico ".


Datas Comemorativas do Calendário Judaico
     
 Yom Kipur  
    
 O Dia do Perdão, o mais santo do calendário judaico, é também chamado de Dia do Arrependimento. Marcado por jejum e preces, é o dia de pedir perdão ao próximo e a D'us. O destino de cada um é selado neste dia. [Leia mais…]
7 -8 de outubro, 2011 – 10 de Tishrei
  
     
 
 
     
 Sucot  
    
 A Festa dos Tabernáculos ou Cabanas comemora a proteção Divina aos Filhos de Israel durante os 40 anos de peregrinação no deserto. Sucot também é chamada Festa da Colheita, quando os frutos da terra são armazenados em Israel. Durante Sucot, uma bênção especial é recitada sobre as Quatro Espécies: cidra, palma de tamareira, murtas e salgueiros. [Leia mais…]
12-19 de outubro, 2011– 14-21 de Tishrei
  
     
 
 
     
 Shemini Atsêret  
    
 O "Oitavo Dia da Assembléia Solene" é uma festa à parte ao final de Sucot. Há uma prece especial por chuvas para a Terra de Israel. [Leia mais…]
20 de outubro, 2011 – 22 de Tishrei
  
     
 
 
     
 Simchat Torá  
    
 O dia do "Júbilo com a Torá" no qual o ciclo anual da leitura da Torá é terminado e reiniciado. Nesta data dançamos e nos alegramos com a Torá. [Lei amais…]
21 de outubro, 2011 – 23 de Tishrei
  
     
 
 
     
 Chanucá  
    
 Chanucá comemora a reinauguração do Templo Sagrado de Jerusalém, após a vitória dos macabeus. É celebrada durante oito dias através do acendimento da menorá que lembra os milagres ocorridos. [Leia mais…]
20 -28 de dezembro, 2011– 25 de Kislêv - 2 de Tevet
  
     
 
 
    
 Tu Bishvat  
    
 Ano Novo das Árvores. É costume comer frutas com as quais a Terra de Israel é louvada.[Leia mais…]
20 de janeiro, 2011– 15 de Shevat
  
    
 
 
    
 Purim  
    
 Purim comemora a libertação do povo judeu da destruição planejada pelo perverso Haman. A história é relatada na Meguilá de Ester. [Leia mais…]
19-20 de março, 2011– 13-14 de Adar II
  
     
 
 
     
 Pêssach  
    
 Pêssach comemora a libertação do povo judeu da escravidão no Egito. Uma das maiores mitsvot durante esta festa é a proibição de consumir alimentos fermentados e a obrigação de comer matsá. [Leia mais…]
19-26 de abril, 2011– 15-22 de Nissan
  
     
 
 
     
 Pêssach Sheni  
    
 Observado um mês após Pêssach como uma segunda chance para oferecer o cordeiro pascal aos que não conseguiram fazê-lo na véspera de Pêssach. Costuma-se comer um pedaço de matsá neste dia. [Leia mais…]
18 de maio, 2011– 14 de Iyar
  
     
 
 
     
 Lag Baômer  
    
 Entre Pêssach e Shavuot os discípulos de Rabi Akiva faleceram de uma praga, gerando um período de meio-luto que dura até hoje, mas no dia de Lag Baômer a praga cessou. Esta data marca o falecimento de Rabi Shimon bar Yochai. [Leia mais…]
22 de maio, 2011– 18 de Iyar
  
     
 
 
     
 Shavuot  
    
 Shavuot, a Festa das Semanas, comemora a Outorga da Torá no Monte Sinai sete semanas após a saída do Egito. Neste dia os Dez Mandamentos são lidos nas sinagogas. Também é chamada Chag Habicurim, a Festa das Primícias, levadas ao Templo a partir de Shavuot. [Leia mais…]
8-9 de junho, 2011 – 6-7 de Sivan
  
     
 
 
     
 17 de Tamuz e as três semanas  
    
 Este período entre os jejuns de 17 de Tamuz e 9 de Av inclui três semanas de luto pela destruição de Jerusalém e o exílio do povo judeu. [Leia mais…]
17 de Tamuz – 19 de julho
As Três Semanas tem início 19 de julho de 2011
  
     
 
 
     
 Tishá B’Av  
    
 9 de Av é um dia de luto e jejum pela destruição do Templo Sagrado de Jerusalém e exílio do povo judeu. [Leia mais…]
Tishá Be’Av - 9 de agosto de 2011– 9 de Av
  
     
 
 
     
 Tu B’Av  
    
 É um dia festivo por vários fatos históricos alegres que aconteceram nesta data. Muitos casamentos eram celebrados nesta data. [Leia mais…]15 de agosto, 2011– 15 de Av
  
     
 
 
     
 Rosh Hashaná  
    
 O Ano Novo judaico é o Dia do Julgamento, quando D'us determina o destino de cada um para o ano que se inicia. Parte principal do serviço de Rosh Hashaná é o toque do shofar, o chifre de carneiro, que desperta as pessoas para o arrependimento. [Leia mais…]
29 e 30 de setembro, 2011 – 1-2 de Tishrei 5772


FONTE: BEIT CHABAD - SUA REFERÊNCIA JUDAICA NA INTERNET.