Marcos Wasserman, membro da Ordem dos Advogados do Brasil e da Ordem dos Advogados de Israel
Assim ele foi classificado por uns e outros. Outros epítetos menos simpáticos lhe foram alcunhados. Ele enfrentou os poderosos, mas suas grandes desavenças foram com os próprios irmãos – os judeus. Foi atacado de forma inclemente; ele lutou com todas as suas forças, mas, ao final, seu coração não aguentou e morreu jovem, com apenas 44 anos de idade. Teria dito em seus últimos momentos: "Dei o sangue de meu coração para meu povo". Nos dias 29, 30 e 31 de agosto de 1897, por coincidência nesta mesma época, realizou-se o Primeiro Congresso Sionista na Basileia, e lá estava Theodor Herzl, o homem que revolucionou a história moderna do Povo Judeu, o criador do Sionismo Político, que resultou nos direitos legítimos da autodeterminação do seu povo. Ele escreveu vários livros, e o mais importante deles passou a ser a bíblia do sionismo – “O Estado Judeu”. Originalmente escrito em francês – “L'État Juif” –, foi imediatamente traduzido para o alemão – “Der Judenstaat” – e para o inglês – “The Jewish State”.
Ingênuo e sonhador ele não foi, embora, em alguns aspectos de sua modesta obra, em número de palavras, faça referência ao futuro Estado Judeu como um país que, na sua visão, deveria ser neutro, não ter exército. Ele sonhou com uma bandeira, na qual estariam estampadas sete estrelas, querendo representar o fato de que, no futuro Estado Judeu, se trabalharia apenas sete horas por dia. Um pensamento revolucionário para a época. Profeta ele realmente foi. Achei de bom alvitre reproduzir um trecho escrito por ele sob o subtítulo “Teocracia”: "Teremos, pois, por fim, uma teocracia? Não! Se a fé nos mantém unidos, o silêncio nos torna livres. Por consequência, não deixaremos raízes às veleidades teocráticas dos nossos eclesiásticos. Saberemos mantê-los nos seus templos, como os nossos soldados profissionais nas suas casernas. O exército e o clero devem ser tão altamente honrados quando as suas belas funções o exigem e o merecem. No Estado que os distingue, eles nada têm a dizer, porque de outra forma provocariam dificuldades exteriores e interiores".
Que extraordinária visão! Mais cedo ou mais tarde, o clero em Israel deverá evacuar o palco da política e passar a existir, única e exclusivamente, em função dos seus fiéis e da evocação do divino. Esse é um processo que já começou. O mesmo terá que, obrigatoriamente, ocorrer quanto aos militares, no momento em que houver a tão almejada e sonhada paz. Ingênuo e sonhador, também aqui ele antecedeu o seu tempo: "Cada um também é completamente livre na sua fé ou na sua incredulidade como na sua nacionalidade. E se acontece que fiéis de outra confissão, membros de outra nacionalidade habitam também conosco, conceder-lhes-emos proteção honrosa e a igualdade de direitos". Com tudo isso e outros conceitos, em poucas palavras foi escrita a moderna bíblia política, que pôs um ponto final à então denominada “l'affair juif” ("a questão judaica"). Como não poderia deixar de ser, o espírito de divergência é apanágio do Povo Judeu. Já há tempos se discute e se tenta interpretar de forma diferente o significado da bíblia herzliana. Ele quis e previu um país, a terra, a pátria do Povo Judeu. Já outros inventaram e se agarram a outra linha de pensamento: um país judaico.
País judaico? Que significaria isso? Seria um país religioso ortodoxo? Seria um judaísmo cultural? Reformista ou conservador, ou qualquer outro tipo de denominação religiosa? Para nós, a resposta é óbvia: é o lar ancestral do Povo Judeu. Não nos damos conta que, decorrido pouco mais de um século, o Povo Judeu, em todas as suas diásporas, vive num plano totalmente distinto em relação ao seu passado recente. As novas gerações de judeus sequer se dão conta dessa extraordinária revolução e não podem aquilatar como era antes e o que é hoje. É como se Israel sempre tivesse existido; o que não deixa de ser, também, uma grande realidade. A presente crônica é escrita no limiar de um novo ano judaico. É a época em que, tradicionalmente, expressamos as nossas inquietudes e formulamos nossos votos de um futuro melhor. Assim sendo, associo-me plenamente a Herzl, o sonhador.
Ingênuo e sonhador ele não foi, embora, em alguns aspectos de sua modesta obra, em número de palavras, faça referência ao futuro Estado Judeu como um país que, na sua visão, deveria ser neutro, não ter exército. Ele sonhou com uma bandeira, na qual estariam estampadas sete estrelas, querendo representar o fato de que, no futuro Estado Judeu, se trabalharia apenas sete horas por dia. Um pensamento revolucionário para a época. Profeta ele realmente foi. Achei de bom alvitre reproduzir um trecho escrito por ele sob o subtítulo “Teocracia”: "Teremos, pois, por fim, uma teocracia? Não! Se a fé nos mantém unidos, o silêncio nos torna livres. Por consequência, não deixaremos raízes às veleidades teocráticas dos nossos eclesiásticos. Saberemos mantê-los nos seus templos, como os nossos soldados profissionais nas suas casernas. O exército e o clero devem ser tão altamente honrados quando as suas belas funções o exigem e o merecem. No Estado que os distingue, eles nada têm a dizer, porque de outra forma provocariam dificuldades exteriores e interiores".
Que extraordinária visão! Mais cedo ou mais tarde, o clero em Israel deverá evacuar o palco da política e passar a existir, única e exclusivamente, em função dos seus fiéis e da evocação do divino. Esse é um processo que já começou. O mesmo terá que, obrigatoriamente, ocorrer quanto aos militares, no momento em que houver a tão almejada e sonhada paz. Ingênuo e sonhador, também aqui ele antecedeu o seu tempo: "Cada um também é completamente livre na sua fé ou na sua incredulidade como na sua nacionalidade. E se acontece que fiéis de outra confissão, membros de outra nacionalidade habitam também conosco, conceder-lhes-emos proteção honrosa e a igualdade de direitos". Com tudo isso e outros conceitos, em poucas palavras foi escrita a moderna bíblia política, que pôs um ponto final à então denominada “l'affair juif” ("a questão judaica"). Como não poderia deixar de ser, o espírito de divergência é apanágio do Povo Judeu. Já há tempos se discute e se tenta interpretar de forma diferente o significado da bíblia herzliana. Ele quis e previu um país, a terra, a pátria do Povo Judeu. Já outros inventaram e se agarram a outra linha de pensamento: um país judaico.
País judaico? Que significaria isso? Seria um país religioso ortodoxo? Seria um judaísmo cultural? Reformista ou conservador, ou qualquer outro tipo de denominação religiosa? Para nós, a resposta é óbvia: é o lar ancestral do Povo Judeu. Não nos damos conta que, decorrido pouco mais de um século, o Povo Judeu, em todas as suas diásporas, vive num plano totalmente distinto em relação ao seu passado recente. As novas gerações de judeus sequer se dão conta dessa extraordinária revolução e não podem aquilatar como era antes e o que é hoje. É como se Israel sempre tivesse existido; o que não deixa de ser, também, uma grande realidade. A presente crônica é escrita no limiar de um novo ano judaico. É a época em que, tradicionalmente, expressamos as nossas inquietudes e formulamos nossos votos de um futuro melhor. Assim sendo, associo-me plenamente a Herzl, o sonhador.
FONTE:
Nenhum comentário:
Postar um comentário