terça-feira, 20 de março de 2012

Terroristas planejavam explodir a principal sinagoga de Milão

As polícias britânica e italiana detiveram uma mulher em Londres e um marroquino na Itália que, segundo as autoridades, estariam planejando ataques contra uma sinagoga em Milão. Documentos mostraram que eles tinham mapas e dados de segurança sobre a área a ser atingida.  

Ataque a escola judaica na França deixa 4 mortos

 

Três crianças (de 3, 6 e 10 anos) e um adulto foram mortos a tiros em um ataque à escola judaica Ozar Hatorah localizada em Toulouse, no sul da França - país que tem a maior comunidade judaica da Europa, estimada em 500 mil judeus. Três vítimas são da mesma família: um pai de 30 anos e seus dois filhos. O autor dos disparos, que conseguiu fugir, estava em uma moto e utilizou duas armas.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que visitou o local, afirmou que todas as escolas francesas farão um minuto de silêncio amanhã (dia 20 de março) para homenagear as vítimas. "Podemos dizer que toda a França foi atingida por essa tragédia. A barbárie, a selvageria, a crueldade não podem vencer. Nossa nação é muito mais forte".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, condenou "o assassinato odioso de judeus, incluindo pequenas crianças. É muito cedo para saber exatamente quais são as circunstâncias desses assassinatos, mas não podemos descartar a possibilidade de que tenha sido motivado por um antissemitismo violento e sangrento", declarou. Por sua vez, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, Yigal Palmor, assim se pronunciou: "Estamos horrorizados com esse ataque e esperamos que as autoridades francesas investiguem esse drama e levem os responsáveis pelos assassinatos à Justiça”.
O Vaticano também manifestou sua "profunda indignação, seu horror e sua condenação mais firme. O atentado de Toulouse contra uma escola e três crianças judias é um ato horrível e desprezível, que se junta a outros recentes de violência absurda que feriram a França", enfatizou o porta-voz, padre Federico Lombardi. Já o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, classificou o ataque de "crime odioso. Não há nada mais intolerável que o assassinato de crianças inocentes".
A Confederação Israelita do Brasil/Conib condenou o atentado terrorista: “É inadmissível que testemunhemos um ato de tamanha violência e covardia”, afirmou Claudio Lottenberg, presidente da entidade. “E, para nossa preocupação, observamos que mesmo uma sociedade democrática como a França encontra-se vulnerável a tais explosões de ódio e que têm como alvo prioritário crianças”. A Conib enviou mensagem de condolências às instituições da comunidade judaica francesa e à Embaixada da França em Brasília.
 


 

fonte:

domingo, 18 de março de 2012

Os imigrantes judeus na literatura brasileira

 

Profa. Nancy Rosenchan, de Língua Hebraica,
Literatura e Cultura Judaica/FFLCH/USP
Não fosse a literatura que os registrou e oficializou, termos como "gringuinho", "russo", e sabe-se lá quantos outros qualificativos atribuídos aos imigrantes judeus chegados ao Brasil no século passado provavelmente teriam caído no olvido. O "russo", que podia ser romeno ou polonês, era o judeu que vendia a prestação; o "gringuinho", aquele que falou mal a língua do país, era reconhecido pelos trajes estranhos, talvez um boné, as mangas compridas, arredio, que não conseguia reconhecer o seu espaço, aquele que tentou viver aqui enquanto ainda se agarrava ao lá distante e insidioso. "Gringuinho", personagem de conto com o mesmo nome do livro “Contos do Imigrante”, de Samuel Rawet (José Olympio, 1956), é hoje parte do universo cultural brasileiro. Considerado um dos 100 contos brasileiros mais importantes do século passado, foi e continua sendo analisado e estudado em escolas e universidades do país e também de fora. Matheus Nachtergaele reviveu em 2003 as dores e desencontros do imigrante judeu com a realidade na série “Contos da meia-noite”, produzida pela TV Cultura.
Tomara que estes esforços continuem a servir para que se entenda quão difícil e dolorosa foi a vida do imigrante. Rawet, Guinsburg, Kucinsky, autores imigrantes, foram alguns dos que perpetuaram as imagens dos que vinham em busca de uma nova vida. Tratamos hoje de um marco, o dia da imigração judaica. Qual, na verdade, foi o dia da imigração? O dia em que chegaram? Ou teria sido aquele em que embarcaram, sem saber que não voltariam mais? Quem sabe foi o dia em que as circunstâncias os fizeram assumir a difícil decisão: escapar da miséria, da discriminação e perseguição, concretizar a única opção, atingir a nova e distante terra. Um imigrante é também um emigrante e um expatriado. Ser imigrante engloba tudo isto, mais as dores, esperanças e alegrias.
Nem todos os escritos sobre imigrantes expressaram sofrimentos. Vários textos em ídiche, publicados nos anos 50, hoje praticamente desconhecidos, como o são os seus autores, testemunham que, ao mesmo tempo em que precisaram se aculturar de forma ampla, tanto à convivência com imigrantes judeus de origens e costumes variados, como aos novos padrões brasileiros, os olhos dos imigrantes perceberam o país também pela sua beleza, novidades e ambiente afetuoso. B. Gulka, no conto, "Maine ershte derfarunguen in der naier heim" (“Minhas primeiras experiências na nova terra”) faz referência à viagem e chegada ao Rio de Janeiro, ocorrida em 1927. Depois de narrar as primeiras sensações de conhecer no navio imigrantes judeus de outros países, comenta, a partir da chegada ao porto do Rio, a visão dos corpos de brasileiros, os portuários seminus que carregavam na cabeça pesados fardos e sacos de mercadorias, e a isto ele acresce a segunda impressão - a favela, o morro, a igrejinha. A enumeração dos portuários e de outros elementos serve para marcar o novo ambiente.
Moishe Kahanesman apresentou flagrantes e outras situações típicas do Rio de Janeiro. "Oif der avenide" (“Na avenida”), de 1957, teve como pano de fundo o trânsito intenso da cidade, a multidão, a violência da cidade grande, todo um universo concentrado em uma única via: a movimentada avenida. Clara Steinberg, autora com um número maior de registros, fixou-se mais intensamente na cena dos nativos: o drama do namoro entre a empregada Maria e o gari Paulo, marca um dos seus mais conhecidos contos, "O varredor de rua". Paralelamente às imagens do novo país, estes autores - alguns dos cerca de 30 que escreveram em ídiche no Brasil - não descartaram as temáticas dos imigrantes e nestes incluíram-se não somente os que vieram "fazer a América", conforme expressão da época, mas representantes de todas as categorias e sua garra de vencer e que se apegaram a todas oportunidades de trabalho. E quando chegou a geração dos escritores já nascidos no Brasil, de Moacyr Scliar a Cintia Moscovitch, no sul; a Samuel Reibscheid, em São Paulo; ou Ronaldo Wrobel e Tatiana Salem Levy, no Rio de Janeiro, dentre diversos outros, estes também souberam, com seu talento próprio, dar continuidade à expressão destas experiências.

Fonte: B'nai B'rith do Brasil

"Dia da Imigração Judaica” destaca a contribuição dos judeus no desenvolvimento do Brasil

 
Cartões postais como este, de 1931, eram enviados por
imigrantes judeus aos seus parentes na Europa. A imagem é
do livro “100 Anos de Imigração Judaica do Leste Europeu” 


O “Dia da Imigração Judaica”, que homenageia a contribuição dos judeus para a formação da sociedade brasileira, é celebrado em 18 de março. A data marca o dia da reinauguração em 2002, no Recife, da Sinagoga Kahal Kadosh Zur Israel (Santa Comunidade Rochedo de Israel), a primeira das Américas.
A Federação Israelita/RJ (FIERJ) e a Associação Religiosa Israelita (ARI) farão uma cerimônia especial no Shabat de hoje (dia 16 de março), às 18:30h, na sinagoga, com a presença do autor da iniciativa, o então deputado de Marcelo Itagiba; de Claudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil; de lideranças políticas e comunitárias. 

FONTE:

quinta-feira, 15 de março de 2012

Artigo de Raquel Stivelman publicado no Jornal do Brasil em novembro de 1994 após a visita que a família Stivelman fez a “Babi Yar”

 

“Babi Yar” 

Presenciamos hoje, de maneira assustadora, a intensa banalização do mal, quer no plano individual quanto no social. A violência, os crimes, as mortes de vítimas inocentes não mais surpreendem tanto. Tornaram-se uma rotina comum e isto é assustador. O acontecimento violento de hoje apaga a rápida lembrança do de ontem e o de amanhã irá substituir o de hoje numa sucessão rotineira do mal. Este tipo de acontecimento é terrivelmente perigoso pois cria uma enganosa e maléfica aparência de normalidade no que deve ser anormal e antiético no ser humano. Daí a necessidade imperiosa de se rebelar, de se revoltar, de bradar contra qualquer tipo de violência cometida contra qualquer ser humano, individual ou coletivamente.
Recém chegada de uma interessante e exaustiva viagem à Rússia e ao interior da Ucrânia, tive oportunidade de visitar na cidade de Kiev, nos dias atuais mais uma vez conturbada por agitações e instabilidade político-social, um memorial erigido em lembrança de “Babi Yar”, local em que em somente dois dias foram fuzilados aproximadamente 33.750 judeus. Trata-se do exato local onde se desenrolou a mais sangrenta e notória de todas as matanças de judeus no Holocausto, levando-se em conta o número de pessoas assassinadas em tão curto período de tempo. Ainda que repetida e exaustivamente, é preciso lembrar, falar sempre das barbáries cometidas e a de “Babi Yar” foi pouco enfatizada. Yar na língua ucraniana significa ravina, desfiladeiro e Babi é o tratamento carinhoso de avozinha.
Com o coração apertado e um nó no peito, nos dirigimos para este local onde deparamos em primeiro lugar, com um imenso memorial soviético, imponente e grandioso como quase tudo na antiga URSS. Mais adiante, um pouco à esquerda, encontra-se um memorial bem menor e mais modesto sob a forma de uma Menorah, o candelabro judaico simbólico que foi modelado de acordo com um já existente no Templo de Jerusalém. É justamente onde está o memorial judaico que se situa o local em que tantos judeus foram fuzilados. Durante meio século, as autoridades soviéticas esconderam propositadamente qualquer manifestação de lembrança daquela chacina. Em 1991, o grande poeta e humanista judeu Elie Wiesel, prêmio Nobel, declarou publicamente que quando visitou “Babi Yar” em 1965, ninguém quis lhe dar informação alguma sobre as cenas terríveis que lá aconteceram. São suas palavras textuais: “Ninguém queria me dizer onde tudo tinha acontecido. Era como se nunca, nada tivesse acontecido”. 
A despeito deste estado de coisas, e apesar do perigo que havia em visitar e lembrar a tragédia, muitos judeus do mundo todo, teimavam em procurar o local das ravinas, cena deste horrível fuzilamento em massa. Em 1991, com o esfacelamento da antiga União Soviética, o governo ucraniano admitiu e reconheceu este local como o fatídico logradouro onde tantos judeus foram mortos e mandou erigir o memorial que lembrava os cinqüenta anos de “Babi Yar”. Os nazistas alcançaram Kiev entre os dias 19 e 25 de setembro de 1941. No dia 22, soldados russos realizaram duas explosões. A segunda explosão destruiu o quartel general alemão e grande parte do centro da cidade. Como retaliação, no dia 28 de setembro, as autoridades alemãs convocaram o comparecimento maciço dos judeus da cidade de Kiev e exigiam que todos estivessem reunidos no local assentado para serem transferidos no dia seguinte. Tudo isso estava acontecendo no período do ano mais sagrado do calendário judaico: os dez dias entre o Rosh Hashaná e Yom Kipur. Cartazes anunciavam: “Todos os judeus de Kiev e arredores são intimados a comparecer às 08;00h, segunda-feira, 29 de setembro de 1941, na esquina das ruas Munskovskaya e Dukhtorovskaia, perto do cemitério local, portando seus documentos, dinheiro, valores, roupas quentes etc. Aqueles que desobedecerem esta convocação serão imediatamente fuzilados”. Os velhos, os doentes, as crianças, as mulheres se amontoavam nos lugares designados (somente estes permaneceram em Kiev, porque aqueles que suspeitando do perigo iminente e tendo recursos, abandonaram a cidade). Não suspeitavam ou não queriam suspeitar do que iria lhes acontecer em seguida. Acreditaram que iriam ser deslocados para outra cidade. Triste ilusão, puro engodo! O relatório oficial da SS responsável por este extermínio em massa declarou que 33.771 judeus foram fuzilados em “Babi Yar” nos dias 29 e 30 de setembro de 1941. Diante do local, pode-se imaginar cenas descritas na escassa literatura que sobrou a respeito do massacre. As valises e as pequenas trouxas de alimentos que cada um tinha permissão de levar foram cuidadosamente empilhadas. Como um rebanho de carneiros, como animais, homens e mulheres foram enfileirados nas bordas dos desfiladeiros que tinham em média 100 metros de comprimento por 50 metros de profundidade. No lado oposto da ravina, estavam os nazistas com suas metralhadoras assassinas. As vítimas, formadas em fileiras, iam morrendo e tombando no fundo da ravina. Os semimortos, os feridos caiam do mesmo jeito por sobre os cadáveres anteriores e novas fileiras se formavam e o processo se repetia até o aniquilamento total. 
De acordo com o relato do jornalista Edward Crankshaw, após o fuzilamento sucessivo, os nazistas embebiam a área com gasolina e queimavam os corpos.Os policiais ucranianos, colaboradores dos nazistas, formavam um corredor onde as vítimas eram açoitadas e direcionadas para a ravina imensa, em meio a pauladas, imprecações e cães bravos que iam dilacerando suas carnes. Toda a região estava cercada com arame farpado. Na boca da ravina se encontravam as fileiras de judeus num terreno estreito acima do precipício de 40 a 50 m de profundidade. No lado oposto, como já foi mencionado, mas é preciso mentalizar o cenário, estavam os alemães com suas metralhadoras. Os mortos, os feridos, os semi-vivos tombavam uns sobre os outros e iam sendo esmagados. Em seguida, os próximos cem judeus eram trazidos e tudo se repetia. As crianças eram atiradas pelos policiais que as pegavam pelas perninhas para serem arremessadas na ravina. Diariamente, pilhas gigantescas de toscos sapatinhos infantis enchiam caminhões e mais caminhões que partiam de “Babi Yar”. O escritor A. Anatole Kuznetsov escreveu um poderoso romance documentário sobre Babi Yar. No romance “ A tempestade”, Ilya Ehrenburg descreve a cena em que soldado alemão arranca um bebê dos braços de sua mãe e o atira na ravina. Coube a um poeta russo, não judeu, chamar a atenção do mundo para o que aconteceu em “Babi Yar”: Yevgeny Yevtushenko desafiou o regime soviético e publicou seu famoso poema Babi Yar. Dimitri Shostakovich marcou seu protesto contra o anti-semitismo na Rússia na sua famosa “Décima Terceira Sinfonia”. Com nossas lágrimas rolando pelas faces, meu marido recitou o Kadish (oração judaica pelos mortos) na beira da ravina. Um silêncio somente interrompido pelo farfalhar das folhas de outono nos envolvia e parecia que podíamos talvez entreouvir algumas vozes das vítimas ou ecos de choros de crianças. Nos nossos corações estes sons estão sempre presentes. Ainda que com muita dor, é preciso lembrar, lembrar sempre para tentar evitar que tudo se repita! 

Fonte:

quarta-feira, 14 de março de 2012

O irmão de Rebe Zussia e Reb Elimelech



 

Dois irmãos, Reb Zussia e Reb Elimelech, eram homens muito piedosos e instruídos que estavam entre os mais estimados chassidim de Rabi Dov Ber, o Maguid de Mezeritch, sucessor do Báal Shem Tov. Com o passar do tempo e a dificuldade de comunicação, Reb Zussia e Reb Elimelech perderam contato com um terceiro irmão, que não era chassid.


Os dois irmãos, no decorrer de suas muitas viagens, perguntavam sobre o outro irmão e tentavam descobrir seu paradeiro. Ficaram curiosos para saber que tipo de vida ele estava levando. Seria religioso como eles próprios, ou tinha ele, D’us não o permita, abandonado os ensinamentos da Torá? E mesmo se fosse religioso, seria correto em sua prática, preocupado apenas pela letra da lei e não pelo espírito da lei?

E assim, em cada aldeia e cidade que visitavam, ao divulgar o ensinamento de seu mestre, o Maguid, eles indagavam se alguém conhecia o paradeiro do irmão. Por mais que tentassem, não conseguiam qualquer informação. Mesmo assim, persistiam nesta missão que tinham imposto a si próprios.

Quando finalmente tiveram alguma informação sobre o endereço do irmão, Reb Zussia e Reb EIimelech se alegraram. Mesmo assim, havia uma certa dose de hesitação nessa alegria pois, após doze anos de separação, não sabiam o que aquela reunião poderia trazer.

E assim, com alguma empolgação, os dois irmãos se dirigiram a uma pequena aldeia onde seu irmão era estalajadeiro. Reb Zussia e Reb Elimelech entraram na estalagem e observaram o irmão trabalhando. Ele esteve ocupado o dia inteiro recebendo os hóspedes, preparando os quartos e cozinhando. Corria de uma pessoa a outra, de tarefa em tarefa, com um semblante alegre, e tratava cada hóspede, fosse rico ou pobre, gentilmente. Com uma longa barba, tsitsit e casaco preto, Reb Zussia e Reb Elimelech certificaram que o irmão de fato tinha permanecido fiel à Torá mesmo naquela aldeia isolada.

Ainda assim, uma questão permanecia sem resposta para Reb Zussia e Reb Elimelech. Estes dois mestres chassídicos eram famosos por sua humildade. Porém, evidentemente, a humildade não impede o fato de eles saberem que havia algo de especial sobre eles. Poderiam ter se considerado indignos das notáveis qualidades que D’us lhes concedera, mas negar sua singularidade seria como negar um dom precioso. E assim, perguntavam-se eles, havia algo de excepcional no irmão, também, e no seu serviço ao Criador?

Caiu a noite na estalagem do irmão. A maioria dos hóspedes já tinha chegado e a furiosa atividade das horas do dia tinha amainado. Reb Zussia e Reb Elimelech observaram o irmão confiar algumas tarefas à esposa e entrar no escritório. Ali, ele rezou o serviço noturno e então debruçou-se sobre seus livros sagrados até tarde.

Os irmãos com isso ficaram reassegurados, mas não se espantaram; não era incomum para um judeu trabalhar o dia inteiro e então passar suas horas de "lazer" na prece e estudo de Torá. No entanto, a atividade seguinte do irmão foi deveras incomum. Reb Zussia e Reb Elimelech observaram enquanto o irmão começou a recitar o Shemá antes de dormir. Em meio às preces antes de se retirar, o irmão tirou um livro bastante gasto e abriu-o no final.

Durante alguns longos momentos ele permaneceu imóvel, consultando uma página do livro. "Quanto pode estar registrado em uma página, para ele demorar tanto tempo para ler?" 
perguntavam-se eles. Continuaram a vigiar, curiosos. Com o passar do tempo, viram o irmão começar a estremecer. Lágrimas rolaram de seus olhos, caindo na página do livro à sua frente. Numa voz baixa, trêmula, o ouviram ler no livro: "Não servi este hóspede hoje com a honra devida a um irmão judeu… Fui muito rápido ao responder a esta pessoa quando ela me fez uma pergunta…" E assim, ele continuou a lista de seus "pecados", que tinha escrito no livro manchado pelas lágrimas.

Reb Zussia e Reb Elimelech observaram enquanto o irmão continuava a chorar e a ler o livro, até que as palavras na página literalmente desapareceram. Fosse pelas lágrimas, ou por um milagre que lavara seus "pecados", o irmão sabia que quando suas faltas não estivessem mais na página, seu arrependimento sincero tinha sido aceito.

Os irmãos pensaram nos pais, e perguntaram-se que ações notáveis tinham realizado para merecerem um filho tão especial.

Fonte:

terça-feira, 13 de março de 2012

Curiosidades Judaicas

 


Gerais


1. “Abracadabra” vem do hebraico e significa “criarei ao falar“ (Evra Kedabra)?

2. Muito antes de Colombo (que talvez era judeu), o Talmud de Jerusalém (tratado de Avodá Zará) já declarava que “o mundo é redondo”?

3. De cada mil cientistas que há no mundo, dois, pelo menos, chamam-se Cohen?

4. D. Pedro II sabia ler e escrever (e possivelmente) falar hebraico (inclusive escrevia com letra de Rashi)? Ele também falava provençal (uma espécie de ladino francês) e publicou traduções de poemas litúrgicos nestes idiomas ?

5. A construção de um micvê casher é mais importante que a construção de uma sinagoga? Pode-se e deve-se vender uma sinagoga e até um sefer Torá para viabilizar a construção de um micvê?

6. De 1892 a 1896, o judeu alemão Otto Lilienthal fez mais de 2000 vôos tipo asa delta, muito antes dos irmãos Wright ou Santos Dumont (falecendo no último vôo...)?

7. O Mar Vermelho (que é azul) na Torá é chamado de Iam Suf (Mar de Juncos) o que em inglês foi traduzido como “Sea of Reeds” que depois de alguma forma virou Sea of Reds ou Red Sea?

8. No início, os muçulmanos, liderados por Maomé, rezavam voltando-se para Jerusalém. Depois, quando Maomé não conseguiu atrair os judeus para sua nova religião, mudou a direção para Meca, totalmente frustrado com a “teimosia” dos judeus?

9. Sigmund Freud era conhecido na sua cidade natal, Freiberg, como “Shloimele”, pois esse é o nome que seu pai, Yankl, lhe deu no seu Brit Milá?

10. Ensina o Talmud: Não existe um sonho sem algum absurdo. Não existe sonho sem interpretação. O sonho se concretiza para o bem ou para o mal de acordo com a interpretação dada. Um sonho é 1/60 de uma profecia.

11. O Petróleo como fonte de iluminação foi descoberto em 1853 por um judeu galitsianer da cidade de Boryslaw chamado Avraham Schreiner (1820 - 1900)?

Chassidut

12. 5772 marca 215 anos da edição do livro básico da Chassidut Chabad, O Tanya, que também é a base de muitas obras modernas de mussar (ética judaica), como o Michtav MeEliahu e Lev Eliahu?

13. Há dois séculos o primeiro Rebe de Chabad, Rabi Schneur Zalman de Liadi (também conhecido como Alter Rebe ou Admur Hazaken) revolucionou o pensamento judaico tanto no campo esotérico, com o Tanya, como no âmbito da halachá, sendo conhecido como Harav ?

14. O sobrenome do Alter Rebe era Baruchovitch (“filho de Baruch”)e não Schneersohn? Seus filhos eram chamados de Schneury e a partir de seus netos é que passaram a ser conhecidos como Schneersohn?

15. O Alter Rebe e o Baal Shem Tov (fundador da Chassidut) nasceram ambos no dia 18 (CHAI — [que dá] vida a) Elul?

16. O Baal Shem Tov nasceu no ano de 5458 (NaCHaT ou naches, satisfação, em hebraico) há 314 anos?

Histórias chassídicas

17. O Alter Rebe dizia: “As explicações profundas da Torá que escutávamos do Magid de Mezrich era para nós considerado como a Torá oral. Quando ele nos contava histórias, considerávamos como se fosse a Torá escrita. Há também uma outra comparação demonstrando a importância da história judaica: No Templo sagrado além de acender a Menorá todos os dias, era preciso também antes limpar os copinhos da Menorá. Somente após esta limpeza, acendiam-se as velas. As mitsvot e bons atos são comparados ao acender das velas, enquanto que as histórias judaicas, ao limpar dos copinhos. Uma história quando bem contada aquece o nosso coração, aquece o lar judaico.

18. O Rebe de Lubavitch anterior escreveu muitas histórias. Ele costumava dizer: “É preciso saber como contar uma história, dar a ela vida. E é preciso saber escutar uma história, como se estivesse vivenciando-a. Uma história de um Tsadik ou de um chassid deve ser contada com todos seus detalhes exatamente como aconteceram, sem acrescentar interpretações próprias. A alma do judaísmo e da Chassidut é transportada de geração para geração através das histórias”. Sobre Chanucá há um ditado chassídico que diz “Escute o que as velas estão nos contando”.

Torá

19. A divisão da Torá em capítulos não é de origem judaica? Foi feita por cristãos com intuito de "reinterpretar" certas passagens e durante os debates religiosos da Idade Média acabou tornando-se necessária para nós, suplantando o uso da divisão natural da Torá em Parashiot pequenas e grandes ?

20. As Tábuas da Lei nunca foram as Tábuas da Lei? Sim, leis da Torá existem muito mais do que dez, para ser mais preciso existem 613 Mandamentos: 248 deveres e 365 proibições. Em hebraico as Tábuas são chamadas de Luchót Habrit, ou seja, Tábuas do Pacto ou Aliança, e os ditos Dez Mandamentos são Asseret Hadibrót, ou seja, os Dez Pronunciamentos?

21. Moshe Rabeinu recebeu no monte Sinai, além das Luchot - Tábuas da Lei com os dez mandamentos e parte da Torá escrita em pergaminho (igual a que nós temos hoje nas sinagogas). A Torá oral, isto é, explicações e detalhes de tudo que estava escrito na Torá, ele recebeu de D’us oralmente (mais tarde parte dela foi escrita no Talmud).

Criação do mundo

22. D’us criou o mundo com Sua fala e que o idioma usado foi o Lashon Hakodesh (parecido com o Hebraico atual).

23. Os anjos foram criados no segundo dia da criação.

24. Adam (Adão) foi criado como uma pessoa com a idade de 20 anos.

25. A fruta proibida não era maça, mas sim figo. (Há, no Talmud, outras opiniões: uva ou então trigo. Uma quarta opinião: o Etrog).

26. Adam deu o nome (hebraico) para todas as espécies criadas.

27. Adam viveu 930 anos, e viveu até seus descendentes de Sexta Geração

Dilúvio

28. Antes do dilúvio era permitido aos homens comerem só frutas e verduras e somente após o dilúvio foi permitido comer carne.

29. A arca de Noé tinha o formato de uma caixa de sapatos gigante com teto e não de um “barco” com girafas e elefantes saindo pela janela (senão seria a “barca” e não a “arca” de Noé...)?

30. Durante o ano do dilúvio o Sol, a Lua e as estrelas ficaram inativos, portanto não houve dia, noite, verão ou inverno.

31. Na tevá de Nôach os animais conviveram em paz entre si, assim como ocorrerá após a vinda de Mashiach.

32. O homem que mais viveu na face da terra foi Metushelach (Matusalém). Ele viveu 969 anos e faleceu uma semana antes do dilúvio.

33. Nôach alcançou a décima geração de seus descendentes, vivendo na mesma época que Avraham durante 58 anos.

Patriarca Avraham

34. A mãe de Avraham chamava-se Amtalai filha de Cárnevo. Sara sua esposa era filha de seu irmão Haran, portanto sua sobrinha.

35. Hagar, que era ajudante da casa de Avraham, com quem Avraham se casou a pedido de sua esposa Sara e teve seu filho Yishmael, era a filha do rei Paró (Faraó) do Egito.

36. Terach, apesar de viver toda sua vida acreditando em estátuas, fez teshuvá no final de seus dias e faleceu como tsadik (um justo).

37. A primeira vez que consta a palavra Cohen (sacerdote) na Torá é na Parashá que refere-se a Shem, filho de Nôach, como sendo Cohen e por isso Avraham deu-lhe o dizimo de tudo que possuía.

38. Os anjos vieram visitar Avraham em Pêssach e exatamente um ano depois, em Pêssach, nasceu Yitschak.

39. Um anjo, quando enviado por D’us, pode efetuar somente uma missão. No entanto, o mesmo anjo que veio curar Avraham, Refael, veio também salvar Lot da destruição de Sedom. Porque curar e salvar alguém é considerado uma única missão.

40. Avaraham instituiu a reza da manhã, Shacharit, seu filho Yitschak, a reza da tarde, Minchá e seu neto Yaacov a reza da noite Arvit (ou Maariv). Isto está simbolizado na segunda letra de cada um de seus nomes: a letra bet (é a mesma que a letra vet) de Avraham é a primeira letra da palavra boker (manhã), tsadik de Yitschak, tzohoraim (tarde) e ain de Yaacov, erev (noite).

Patriarca Yitschak

41. Yitschak foi o único patriarca que nunca saiu de Israel. Pela sua santidade, por ter sido preparado para um sacrifício, ele não podia sair de Israel. Por isso Avaraham mandou seu ajudante Eliezer procurar-lhe uma esposa.

42. Em Mearat Hamachpelá estão enterrados quatro casais: Adam e Chava, Avraham e Sara, Yitschak e Rivka e Yaacov e Lea. Eliezer, o servo de Avraham, tinha uma filha e queria que Yitschak se casasse com ela.

43. Avraham teve no total oito filhos. Ele teve mais seis com Hagar, serva de Sara e mãe de Yishmael, que é chamada de Keturá.

44. Yishmael faleceu aos 137 anos, como Tsadik (justo), pois fez teshuvá (retornando ao bom caminho no final de seus dias).

45. Avraham, Yitschak e Yaacov viveram na mesma época durante 15 anos. Pois Avraham faleceu no ano 2123 e Yaacov nasceu em 2108.

46. Esav nasceu com muito pelo por isso era chamado de Esav (que significa pronto, como um adulto) e sua cor de cabelo era vermelha.

47. Quando Yitschak foi colocado no altar para ser sacrificado, os anjos viram, e começaram a chorar, suas lágrimas caíram sobre os olhos de Yitschak. Essas lágrimas tornaram-lhe cego mais tarde.

Patriarca Yaacov

48. Yaacov ao sair de sua casa a caminho da casa de Lavan, seu tio, ficou durante 14 anos estudando Torá na Yeshivá de (Shem e seu bisneto) Ever.

49. O fato do falecimento de Avraham ter sido relatado na Torá antes do nascimento de Yaacov, não constitui contradição, pois na Torá os acontecimentos não estão relatados necessariamente em ordem cronológica.

50. Yaccov ficou longe de seus pais durante vinte e dois anos. Vinte anos na casa de Lavan e dois no caminho de volta para casa. Yossef, seu filho, vendido pelos irmãos, ficou também afastado vinte e dois anos de Yaacov.

51. A Torá ensina como se deve festejar o casamento, com refeições festivas, durante sete dias.

52. Yissachar originalmente chamava-se Yissasschar, mas transferiu um shin para seu filho que chamava-se Yov e passou a se chamar Yashuv.

53. Léa após ter seis filhos rezou para que o próximo fosse uma filha para que Rachel completasse com seus dois filhos as doze tribos. O nome desta filha era Dina.

54. O ditado “As paredes tem ouvidos” aprendemos da parashá em que Yaacov chama Rachel e Léa para conversar no campo.

55. 100 vezes Lavan modificou acordos feitos com Yaacov.

56. Os 14 anos que Yaacov ficou estudando Torá não são considerados.

57. (Alguns) anjos recebem um nome diferente para cada missão que efetuam. Por isso o anjo não disse seu nome a Yaacov, pois não tinha nome fixo.

58. O sol nasceu mais cedo para curar Yaacov através de seus raios. As horas que o sol se pôs mais cedo na viagem de ida, foram compensadas por esta alvorada antecipada.

59. É desta Parashá que se origina a proibição de comer o nervo ciático de um animal, em lembrança da cura que Yaavov recebeu de Hashem.

60. Yaacov escondeu sua filha Dina dentro de um baú, para evitar que Esav se casasse com ela.

61. Linguagem de Esav: “Tenho muito (mais do que preciso)”.

62. Linguagem de Yaacov: “Tenho tudo (que necessito)”.

63. Shimon e Levi tinham 13 anos quando destruíram Shechem. Desta passagem, em que a Torá os chama de “Ish” (homens), aprendemos a idade do “Bar Mitsvá”.


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