terça-feira, 12 de outubro de 2010

"Origem dos sobrenomes judaicos"

Sobrenomes Judaicos

Os judeus usaram em sua pátria somente o nome bíblico. Mas as coisas mudaram com o inicio da Diáspora (dispersão) no Ocidente, ou seja depois da época em que os imperadores romanos Titus (em 70 d.C.) e Adriano (135 d.C.) destruíram Jerusalém e a Judéia obrigando os israelitas a peregrinar por toda a Europa.
Na Itália os judeus estabeleceram-se inicialmente em Roma, nos sul e nas ilhas (Sicília e Sardenha), mais tarde também no centro e no norte. Estes se identificavam com o apelido de judeu, hebreu, israelita, semita precedido pelo nome próprio. Com o passar dos séculos, quando aos poucos conseguiram obter a emancipação, obtiveram também o direito e o dever de assumir um sobrenome. Como seus nomes pessoais e apelidos se repetiam muito, difundiu-se o habito de atribuir a eles um sobrenome que fazia alusão ao lugar de origem: a cidade (italiana ou européia) de onde eles provinham, assim apareceram sobrenomes como Milano, Orvieto, Perugia, Reggio, Treves, Terracina, etc..
Às vezes o sobrenome era obtido traduzindo ou transferindo no léxico italiano os apelidos hebraicos - por exemplo o nome israelita Bem Porath (filho do fruto) foi italianizado em Bemporad (assonância) ou em De Pomis (tradução) – ou usando um nome que aludia às profissões e ofícios, como Cantor, Cantorinio, Orefici, Astrólogo, etc. Às vezes os judeus que se convertiam ao cristianismo assumiam o sobrenome de seus padrinhos de batismo.
É incorreto acreditar que todos os sobrenomes geográficos sejam próprios dos judeus enquanto isto é verdadeiro somente para um determinado número de sobrenomes relativamente recentes e limitadamente a algumas regiões..
Na Itália os sobrenomes das famílias judaicas ou são geográficos italianos ou são alemães, principalmente em Milão; ou são espanhóis, como na Toscana e mais do que tudo em Livorno; ou são orientais como em Nápoles e alguns em Milão; ou são gregos, como em Trieste ou, enfim, são puramente hebraicos ou muito diferentes, espalhados em toda a península.
Porém nem todos os sobrenomes geográficos são próprios dos judeus e nem todos os sobrenomes difundidos entre os judeus são exclusivamente judeus, podem ser muito bem próprios também de pessoas cuja mais antiga tradição familiar sempre foi cristã.
No fim de 1700 os principais estados da Europa já tinham obrigado os judeus a assumirem um sobrenome.
Entre as medidas adotadas durante o regime fascista pela famosa defesa da raça italiana havia a lei de 16 de junho 1939, n. 1055 sobre as regras dos sobrenomes das famílias judaicas. Conforme esta lei os cidadãos italianos pertencentes à raça judaica que tinham mudado seus sobrenomes por outros que não revelavam sua origem, eram obrigados a reassumir o antigo sobrenome, sob pena de graves penalidades.
Alem disso a mesma lei, em outro item, continha disposições em matéria testamentária declarando nulas todas as clausula subordinadas a herança ou legado ao fato de pertencer o beneficiado à religião israelita etc.
Os cidadãos nascidos de pai judeu e de mãe não judia podiam trocar seu sobrenome por aquele originário materno.
Os não-judeus cujo sobrenome podia deixar entender que fossem judeus, tinham a possibilidade de trocar de sobrenome com outro ariano.
Tais modificações eram dispostas pelo Ministério do Interior de comum acordo com o Ministério di Grazia e Giustizia.
Com um decreto lei de 20 de janeiro 1944, n. 25, tendo em vista a reintegração dos judeus italianos e para reparar os danos políticos e morais criados através de uma política racista foi abolida a lei de 1939 e no mesmo tempo foi disposto que todas as anotações de caráter racial inscritas nos registros do estado civil até as relativas aos sobrenomes deviam ser consideradas como inexistentes.

Sobrenomes mais freqüentes na Itália:

A seguinte lista, com os sobrenomes mais freqüentes existentes na Itália, foi compilada por meio de pesquisas efetuadas pelo Instituto Central de Estatística em municípios com uma população superior aos 100.000 habitantes, sendo eles, em ordem decrescente de população:

Roma (Rossi, Proietti), Milão (Rossi), Nápoles (Espósito), Turim (Ferrero,Rossi), Genova (Parodi, Rossi, Canepa, Bruzzone, Traverso), Palermo (Messina, Russo), Florença (Innocenti), Bolonha  (Venturi e Ventura, Barbieri,
 (Montanari), Veneza (Vianello), Catania (Russo e Di Stefano), Bari (Cassano, Lorusso e Milella), Messina (Cucinotta, Arena e Costa), Verona (Ferrari, Avesani), Taranto (Russo), Padova (Schiavon, Bortolani, Galeazzo,Varotto), Brescia (Ferrari), Reggio Calábria (Romeo), Livorno (Rossi), Ferrara (Mantovani), Cagliari (Melis), Parma (Ferrari), La Spezia (Cozzani, Ferrari, Rossi, Torracca), Modena (Ferrari), Reggio Emilia (Ferrari) e Bergamo (Rota).



A origem dos sobrenomes judaicos

É de conhecimento geral que sobrenomes como Choen, Levy e Katz são praticamente exclusivos dos judeus e que Gross, Schineider, Schwartz e Weiss comumente também indicam famílias judias. Passa um tanto despercebido que o mesmo processo que produziu esta distinção também faz dos sobrenomes uma importante fonte de conhecimento sobre história e cultura judaicas.
De acordo com o segundo capítulo de Bereshit, no início dos tempos, todas as coisas vivas foram trazidas a Adam: "E como as chamou, este passou a ser seu nome." A vida era obviamente mais simples quando havia apenas dois de cada espécie. De fato, mesmo o nome de Adam é uma das palavras hebraicas para homem; e a Bíblia regularmente se refere a sua esposa como haishá - "a mulher."
À medida que as pessoas se multiplicavam, contudo, e se tornou necessário distinguir uma da outra, surgiu nomes próprios. E quando estes não eram mais suficientes, várias formas de "nomear" foram adicionados, mostrando ascendência, profissão, origem ou alguma característica que diferenciasse os diferentes Yossefs, Aharons ou Miriams que viviam numa única comunidade.Assim, na Bíblia, encontramos parentesco para ambos, judeus (Yehoshua ben ("filho de") Num, Hoshea ben Beeri) e não-judeus (Balak ben Tsipor, Bil'am ben Beor), bem como nomes que incorporavam uma série de antepassados -
Côrach ben Yits'har ben Kehat ben Levi; Mordechai ben Yair ben Shim'i ben Kish. Durante o período talmúdico encontramos Yochanan, o sapateiro; Hillel, o Babilônio; Gamliel, o Ancião; Aba Arika ("o alto"). É claro, nenhum destes apelidos era hereditário, uma vez que tinha relações com a vida do dono.
Os modernos sobrenomes hereditários remontam ao fim da Idade Média e, entre os judeus, uns poucos séculos mais tarde. Começam com as famílias reais, ansiosas por identificar a si mesmas com um famoso ancestral ou propriedades, quase que do mesmo modo que os líderes dos chassidim de Chabad tomaram o nome Schneersohn ("descendentes de Shneur"), em honra a seu fundador dinástico, Rabi Shneur Zalman de Liadi. Quando os nobres imitam a realeza e a peble os nobres, os sobrenomes estabeleceram-se por toda a Europa. Embora judeus "emancipados" tomassem sobrenomes em reconhecimento a sua assimilação cultural, os judeus em geral primeiramente resistiram à tendência. Mas à medida que as cidades e as nações começaram a organizar arquivos oficiais, tornou-se óbvio que apelidos de família permanentes eram essenciais à eficiência; e dos judeus foi exigido que adotassem sobrenomes em um país após outro - na Áustria em 1787, França em 1808, Prússia em 1812.
Ao adaptar a antiga tradição sob a qual cada judeu é identificado ou como um descendente de Aharon, o primeiro sacerdote (Choen) ou da tribo de Levi, ou do resto da nação judaica (yisrael), muitas famílias chamavam a suas mesmas de Cohen, Cohn, Kahn, Kahana; Levy, Levi, Levin; Israel, Iserel. Outros empregavam títulos-padrão de sinagogas como Chazan, ("cantor") e Beck, de Baal; Corê, ("o ledor da Torá") ou acrósticos como Katz, de Cohen Tsêdec, ("o justo sacerdote") e Segal, de Segan Leviyá ("ajudante sacerdotal). Outros ainda tiravam os sobrenomes do ganha-pão de um ancestral.
Os mais óbvios sobrenomes referem-se a traços físicos distintivos. Apesar da severa condenação de Shulshan Aruch de apelidos pejorativos, as pessoas com os mesmos nomes eram distinguidas por alcunhas como Grande, Pequeno, Magro, Gordo. Isto é mais evidente em famílias com diversos primos com o mesmo nome de um avô, uma situação que resulta em nomes como Grande Ester; e Moshê der roiter ("o ruivo") em oposição a Moshê der shvartser ("o moreno).
Muitos destes nomes- especialmente ao menos ofensivos - tornaram-se nomes de família em diferentes línguas: Black ("preto") em inglês corresponde a Schwartz em alemão e yidish, e em russo e polonês Cherney; White ("branco")
em alemão e yidish é Weiss, e em russo Belli; uma pessoa grande é Gross em alemão e yidish, Krupney em russo, Wilki em polonês, Nagy em húngaro; uma pessoa pequena, Klein em alemão e yidish, Malenki em russo, Piccolo em italiano.
Com afinidades a estes, há outros sobrenomes que se referem a anseios e bênçãos sobre o filho; por exemplo, em alemão Kluger ("inteligente"), Scharf ("perpicaz"), Susskind ("doce criança"); o russo Balaben ("querido") e Lefky ("inteligente"). Mas talvez os mais antigos de todos - de volta às benções de Yaacov sobre seus filhos ao final de Bereshit - são aquelas designando atributos de animais: Yehudá, Gur Aryê ("jovem leão"), Binyamin, Zev("lobo"), Naftali, Hirsch ("cervo").
Durante a Idade Média na Alemanha, era comum que um nome judaico fosse seguido por seu equivalente germânico, como Aryê Lowe ("leão"), correspondendo ao yidish Aryê Leib, Dov Ber ("urso"), Tsevi Hirsch ("cervo"), Zev Wolf ("lobo). Este costume era aparentemente difundido, como pode ser observado em sobrenomes russos. Lev ("leão"), Volk ("lobo"), Olen ("cervo"), Medved ("urso") e mesmo o nome espanhol Lopez, do latim lupus ("lobo").
Enquanto os sobrenomes escolhidos para si mesmos eram agradáveis ou ao menos neutros, os forçadamente impostos eram freqüentemente cruéis. Motivados por amplo anti-semitismo ou o desejo de suborno, as autoridades impingiam a suas vítimas nomes como Kalb ("bezerro"), Knoble ("alho"), Schlemmer("comilão"), Zwieble ("cebola").
Esta espécie de sobrenomes, contudo, muito nos diz sobre as características que os judeus valorizavam, sua ligação às antigas tradições bíblicas e as indignidades que sofreram nas mãos das autoridades dos séculos XVIII e XIX.
Outros três tipos de sobrenomes - os que mostram ascendência, origem e ocupação - são mais significativos que as características físicas como indicadores de onde moravam e o que faziam os judeus.


O valor do nome:

Na Idade média, ao abrigar os judeus a adotar um patronímico, os governantes resolveram que deveriam pagar pelo nome - quanto mais pomposo, mais pagavam.
Os mais belos e poéticos eram Rosenberg ("montanha de rosas"), Morgenstern ("estrela da manha"), Silverberg ("montanha de prata"). Mais baratos eram os
nomes das profissões: Meier ("fazendeiro"), Fischer ("pescador"), Kaufmann ("mercador"). Nesta categoria estavam também os nomes de cores: Grün ("verde"), Braun ("marrom"), Roth ("vermelho"); e de animais: Fuchs ("raposa"), Katze ("gato"); Vogel ("pássaros"); e cidades.
Em todas as partes do mundo, os judeus têm nomes que significam "filho de", uma prática que remete à Bíblia. Assim, mesmo na ausência de outra prova, poderíamos presumir que as colônias judaicas deram origem ao árabe ibn Ezra; ao inglês, Israelson; ao alemão, Mendelsson; ao russo, Jacobowitz; ao polonês, Abramowicz. E a este respeito é interessante notar a popularidade de uma nome como David, que forma a base de Davidson, ibn Daud, Davidowitz, Davidowicz.
É claro, séculos de distorção têm obscurecido a fonte de muitos patronímicos, com Faivelson e Faitelson. Já nos tempos do Talmud, os judeus tinham nomes gregos como Alexandre, Antígono, Hircano, Phoebus. Ao final, Phoebus tornou-se Faibush em yidish, com o diminutivo Faivel e o patronímico padrão hebraico ben Faivel foi traduzido no sobrenome Faivelson remonta à Alta Idade Média, quando muitos nomes hebraicos foram traduzidos nas línguas românicas, dando Chayim-Vidal (de "vita", vida); Baruch-Bendit (de "benedictus", bendito); Ticva-Shprintsá (de "esperanza", esperança). Ao mesmo tempo, Vidal tornou-se Faitel, a base de Faitelson. Os detalhes das colônias são fornecidos por outros sobrenomes também, uma vez que um recém-chegado recebe um apelido de acordo com a sua morada anterior - como era Hilel, o Babilônio. Assim, podemos Ter certeza que os judeus viveram e migraram de países cujos nomes levaram consigo: Frankel, Deutsch, Hollander, Pollack.
Pela mesma razão, podemos presumir grandes populações judaicas das cidades representadas por sobrenomes, como o italiano: Módena, Montefiore, Romano, Reggio, Soncino; espanhol: Milona, Navarro, Torme, Trujillo; português: Castro, Oporto, da Silva e da Sola; alemão: Berliner, Frankfurter, Neustadter, Oppenheimer; polonês: Breslau, Krakow, Warsaw, Wilner; russo: Kief, Minsky, Novgoroder, Penza - além de nomes que terminam em -berg ("cidade"), -berger("da cidade), -owitz e sky ("de"), como Greenberg, Isenberger, Gartenberg, Neuberger, Isenberger, Moskowitz, Washavski, Poznanski.
Finalmente, se os nomes descritivos contam que os judeus valorizavam e o patronímico e sobrenomes de origem dizem onde viviam, os sobrenomes indicam uma grande visão social daqueles baseados na ocupação. Que os judeus em todo o mundo eram artesãos está claro a partir da riqueza de sobrenomes profissionais: correspondente a alfaiate (em inglês Taylor) temos um Schneider em alemão e yidish, Portnoy em russo, Krawiec em polonês, Sarto em italiano, Chayat em hebraico; para padeiro (em inglês Baker) temos Becker em alemão e yidish, Pekar em russo, Pek em húngaro, Boulanger em francês; para açougueiro (em inglês Butcher) temos em alemão e yidish Fleischer, Katsof em hebraico, Mesnik em russo e Boucher em francês.
Ademais, uma visão adicional surge do amplo uso de nomes hebraicos como Sofer ("escriba"), Melamed ("professor") e Chazan ("cantor"), no lugar de traduções vernáculas como com as ocupações seculares. Os únicos que parecem ter alguma aceitação real são o alemão Schreiber ("escriba") e Lehrer ("professor") e o francês Scrivain ("escriba"). E, desnecessário dizer, todos estes sobrenomes devem ser comparados com a total ausência de nomes hebraicos do tipo Farmer (fazendeiro), Gardener (jardineiro) e Forester (couteiro).
Contudo, embora seja possível classificar sistematicamente como os sobrenomes se originaram, é impossível prever o que acontecerá com eles. E isto é também um reflexo da História judaica. Assim, à medida que os judeus
migraram de um país para outro, por força ou por escolha, tinham constantemente de anglicizar, galicizar, hebraizar, diminuir, aumentar, dar outra grafia, reinterpretar ou simplesmente mudar nomes que antes tinham significado em outra língua.
Desta maneira, o nome descritivo Frummer("religioso") tornou-se Farmer; Gartenberg tornou-se Gardener ao contrário de nomes profissionais judaicos. Do mesmo modo, Shkolnik tornou-se Eshkol; Myerson, Meir; Gruen, Ben Gurion; Berg tornou-se Boroughs; Schreiber, Writer e Wright; Chayat tornou-se Hyatt ou talvez Chase; Neustadt e Novgorod ambos tornaram-se Newton, nomes de cidades Italianas Roma tornou-se Romano, Reggio tornou-se Reggiani em alguns casos continuou como Reggio.

E, uma ironia derradeira, todo o propósito dos sobrenomes - Ter um registro permanente de laços familiares - ficou subvertido.

(Fonte: www.shalombr.com)
Luís Alberto Furtado

Bibliografia

Vito Tartamella – Nel cognome del popolo italiano – viennepierre. edizioni

Milano 1995

C.D. De Camelis – I cognomi in Italia - ed. R. Noccioli, Firenze 1960

Emidio De Felice – Dizionario dei cognomi italiani _ ed. Mondadori,

Milano, 1978

Enciclopédia G. Treccani, 1935 - v.XXIV- O diritto ao nome – pg. 894

Gazzetta Ufficiale Del Regno d´Italia – n.º 179 13/07/1939, XVII e n.º 256

31/10/1940, XVIII

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[1] Nome derivante do rio Adige, que travessa esta região.


http://www.genealogiajudaica.com.br/default.asp?PG=CONTEUDO&IDCANAL=94&IDSECAO=220&IDCONTEUDO=688

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FONTE:

Italian Family History
Jewish Genealogy in Italy

Web: 
http://www.italian-family-history.com/jewish/genealogy.html
e-mail: info@italian-family-history.com
foglia
Nardo Bonomi Braverman
Le Pialle - 50022
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