A paz em dois minutos
Mauro Wainstock, diretor do Jornal ALEF

A única caneta da paz que realmente funciona é a usada pelo ”educador” – entendido como aquele que coloca a paz verdadeira como sincera prioridade, independente de sua ideologia, nacionalidade ou nível sócio-cultural. Apenas ele é quem pode mudar mentes e corações. Que utiliza sua capacidade pessoal mobilizadora para alterar conceitos transmitidos e enraizados através de gerações contaminadas historicamente. Apenas ele tem o poder e a credibilidade para aglutinar e conscientizar. Apenas ele é quem tem a determinação, a liberdade e a vontade espontânea tão imprescindíveis para consolidar o conceito de que o “outro” não é um oponente, mas vem do mesmo berço, possui as mesmas raízes e origens. Que o “outro” não é um adversário, mas apenas pensa diferente. E que é justamente a integração destas diferenças que proporcionou culturas tão ricas, diversificadas, globalizadas e pluralistas.
O “já basta” deve ser uma ação concreta e não uma retórica diplomática. Não precisamos concordar, mas acordar. Temos que substituir o inconsciente coletivo pelo consciente individual. Um trabalho multiplicador, de constante envolvimento: em casa, na sala de aula, nas redes sociais, no dia a dia. Um empenho que nos obriga a sair da “zona do conforto”; que respeita o passado, age no presente e acerta no futuro. Que pensa com otimismo realista e ignora os negativistas ficcionais. Afinal, vidas perdidas são famílias sofrendo. E em famílias sofrendo, as vidas são perdidas. Quantos corações ainda serão atingidos precocemente ? Quantas lágrimas inocentes ainda vão chorar ? Quantos belos sonhos ainda serão transformados em tragédias reais ? Quantas vítimas continuarão sendo meros números do conflito, páginas viradas da história ? Não dá mais para continuar com provocações, agressões e ilusões.
Neste 01 de junho, “Dia de Jerusalém”, cidade sagrada, que une povos e religiões, etnias e raças, gêneros e ideologias, peço ao mundo que faça dois minutos de silêncio: um em homenagem àqueles que, de alguma forma, pereceram em nome da verdadeira paz, e outro para marcar uma nova era, protagonizada por aqueles que, com fé, garra, confiança e coragem, estão convictos de que é viável conquistar goleadas históricas no campo do respeito mútuo, do relacionamento pacífico, onde o preconceito será expulso e a “seleção do bem” sempre ovacionada.
FONTE JORNAL ALEF - MAURO WAINSTOCK - DIRETOR JORNAL ALEF.

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