quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Carisma da besta


Poucos teriam previsto, com base nas características pessoais de Hitler, que ele seria capaz de formar uma conexão tão forte com milhões de pessoas. Até hoje, muitos se perguntam como foi possível que um tipo esquisito, com tantos defeitos e inadequações, conquistasse o poder em um país como a Alemanha, em pleno coração da Europa. Pois o caso do líder alemão é um importante aviso para o mundo moderno. Hitler foi o arquétipo do líder carismático. Hitler acreditava estar predestinado a algo grandioso. Ele chamava isso de "providência". Quando fazia discursos para o povo após a derrota da Alemanha na Primeira Guerra, suas fraquezas eram percebidas como qualidades. O ódio que sentia ecoava os sentimentos de milhares de alemães que, sentindo-se humilhados pelos termos do Tratado de Versalhes, buscavam um bode expiatório. E, acima de tudo, estava o fato de que Hitler descobriu que era capaz de se conectar com sua audiência. Isso, que muitos chamam de "carisma", formou a base do seu futuro sucesso. Hitler disse a milhões de alemães que eles eram arianos e, portanto, "especiais". Em uma crise econômica, milhões de pessoas decidiram se voltar para um líder pouco convencional que, na opinião deles, tinha "carisma". Um líder que se conectava com seus medos, esperanças e desejo latente de culpar os outros pela situação difícil que viviam. O resultado disso foi desastroso para milhões de pessoas.Quando Hitler assumiu o poder, o índice de desemprego na Alemanha era 30%. Hoje, na Grécia, ele é 25,1%. E está subindo.É irônico que, recentemente, a chanceler alemã Angela Merkel tenha sido saudada em Atenas por gregos irados, carregando cartazes com suásticas, protestando contra o que consideram ser uma interferência indevida da Alemanha em seu país. Irônico porque é na Grécia - em meio a uma terrível crise econômica - que observamos a ascensão repentina de um movimento político que se gaba de sua intolerância e desejo de perseguir minorias - o Aurora Dourada. O movimento é liderado por um homem que alega não ter havido câmaras de gás em Auschwitz. Pode existir um aviso mais sério do que esse? (Foto de divulgação)

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