sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A Mulher e o Santuário


Por Tali Loewenthal
 
O propósito da Criação é o de que a presença do Divino será revelada neste mundo. A primeira expressão disto aconteceu no Jardim do Éden, como nos é contado no início da Torá. Adão e Eva habitaram o Jardim e, junto com eles, estava a Presença de D’us. Entretanto, o mundo ainda não estava pronto para isto.

Como sabemos, Adão e Eva pecaram ao comerem da Árvore do Conhecimento e, conseqüentemente, a Presença de D’us tornou-se oculta. Outros pecados nas gerações seguintes, tais como a morte de Abel por Cain, fizeram a Presença Divina tornar-se ainda mais oculta. Entretanto, com Abraão, iniciou-se o processo de trazermos de volta, para este mundo, a Presença Divina. Isto foi continuado por Isaac, Jacó e as gerações seguintes.

Na sétima geração depois de Abraão, veio Moisés. Os Sábios nos dizem que o “sétimo” tem uma grande probabilidade de sucesso. Isto é demonstrado pelas conquistas de Moisés. Seguindo as instruções de D’us, ele guiou o povo Judeu na construção do Santuário onde a Presença Divina foi revelada, no Santo dos Santos. Esta foi a primeira expressão do cumprimento do objetivo da Criação. Um estágio adiante seria a construção do Templo em Jerusalém. Então, infelizmente, veio a destruição. O segundo Templo foi construído e novamente foi destruído. Com a vinda do Mashiach, finalmente o Terceiro Templo será construído em Jerusalém. Isto trará profundas e positivas modificações em todo o mundo.

O fato de que a Presença Divina habitou o Santo do Santos não era nada separado das vidas do povo Judeu. A Parashá 1 nos diz: “Eles construirão para Mim um Santuário, e Eu habitarei neles”. Os Sábios nos ensinam que isto significa: “Dentro de cada indivíduo”2. Através da construção do Santuário, D’us habita o coração de cada pessoa.

O Rebe de Lubavitch indica que as mulheres tiveram uma participação particularmente significativa na construção do Santuário 3. As mulheres estavam mais entusiasmadas que os homens em trazer doações de ouro, prata, cobre, lã colorida, linho, pedras preciosas e tudo mais que era necessário. Elas usaram seus dons artísticos em várias tarefas de tecelagem. Além disso, diferentemente dos homens, as mulheres foram totalmente contrárias à construção do Bezerro de Ouro. A construção deste ídolo e a maneira repugnante com a qual ele foi idolatrado eram totalmente opostos a tudo que era expresso pelo Santuário e pela Presença do Divino.

Em nossos tempos, a mulher também tem um papel de liderança na criação de um outro tipo de Santuário: o Lar Judaico. Aqui, também, habita a Presença de D’us. Os ensinamentos da Torá mostram a maneira pela qual o Divino pode estar presente em cada detalhe da vida humana, desde o mais público até o mais íntimo.

Este poder espiritual do caráter feminino está relacionado à ideia cabalística de que a mulher tem uma afinidade com o sétimo atributo Divino, Malcut (Reinado), que significa conclusão, realização e cumprimento no mundo material. Colocado em termos mais tangíveis, como expresso pelo Rebe, existe uma sensibilidade dada por D’us à mulher que a faz reconhecer o positivo e o sagrado, que cada um deveria se esforçar para suportar; e esta especial qualidade também detecta aquilo que é profano e deve ser evitado.

Claro que esta sensibilidade precisa ser criada: através do estudo pessoal da Torá e pela observância prática dos Mandamentos. Com isto, mulher e homem juntos, com suas famílias, revelarão a Presença do Divino em seus próprios lares, em sua vizinhança e, finalmente, de uma forma global. Haverá o Terceiro Templo em Jerusalém e a paz verdadeira habitará os corações de toda a humanidade.

NOTAS



1. Êxodo 25:1-27:19. Ver 25:8.

2. Ver o discurso Bati LeGani, ch.1, do R. Yossef Yitschac Schneersohn.

3. Ver Likutei Sichot do Rebe vol. l l, p.315, vol. 16, p.606.


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