Rafael Eldad, embaixador de Israel no Bras
A partir de hoje (dia 21 de setembro), a direção palestina pretende apresentar às Nações Unidas, durante a Assembleia Geral dessa instituição, seu pedido de adesão à ONU e de reconhecimento do Estado palestino. Conforme atestam declarações do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em diversas ocasiões, Israel é a favor de uma solução pacífica para o conflito na região, com a formação de dois Estados: um judeu para os israelenses e um árabe para os palestinos. O que Israel não vê de maneira positiva, além de saber ser perigosa para a região, é uma declaração prematura e unilateral de um Estado palestino. Os palestinos buscam o resultado de um processo de paz sem passar por esse processo e sem negociar com Israel. Se buscam uma solução sem dialogar ou negociar, então com quem querem fazer a paz? Israel continua engajado na possibilidade de negociações bilaterais para resolver o conflito. Por outro lado, a liderança palestina decidiu não estar mais interessada nas negociações diretas. A história tem mostrado que os tratados de paz entre Israel e seus vizinhos tornaram-se possíveis por meio de negociações entre as partes envolvidas, como nos acordos com o Egito e com a Jordânia. Além disso, mesmo que uma resolução a respeito de um Estado palestino seja obtida na ONU, ela violaria os acordos bilaterais já existentes entre israelenses e palestinos, prejudicando os esforços para a paz. Não será possível evitar negociações com Israel se se quiser alcançar essa paz. É também importante lembrar que a Autoridade Palestina assinou um acordo de reconciliação com o Hamas, grupo considerado internacionalmente como terrorista, que continua seu chamado à destruição de Israel e rejeita as condições mais básicas da comunidade internacional para ser reconhecido como um ator legítimo na região. O apoio a esse acordo, sem qualquer alteração da posição do Hamas, serviria como um reconhecimento internacional da legitimidade do Hamas. O Oriente Médio atravessa um período de muitas mudanças, que podem levar aos países árabes resultados como o avanço da liberdade individual, da democracia, do direito da mulher, entre outros. Mas existe também um aspecto perigoso vindo de elementos fundamentalistas islâmicos que podem chegar ao poder nesses países. Israel e o mundo não querem que os extremistas usem essa oportunidade para assumir um novo Estado. Israel, como único país verdadeiramente democrático no Oriente Médio, deseja que sua vizinhança siga o mesmo caminho. Os palestinos têm uma oportunidade de negociar um Estado próprio, que conviva pacificamente com Israel, gozando de paz e prosperidade. Acreditamos que o único caminho para chegar a essa meta seja a aceitação, o diálogo e a negociação direta entre israelenses e palestinos. Do mesmo modo, esperamos que os palestinos vejam esse fato em uma perspectiva de longo prazo e não somente tratem de conseguir uma satisfação superficial, passageira e sem valor real. Israel, como único país no mundo ameaçado constante e abertamente em sua existência, tem a obrigação de tomar precauções para garantir sua segurança e sua sobrevivência. Devemos ter em conta que o conflito do Oriente Médio não é só entre israelenses e palestinos; Israel está ameaçado também pelo Irã, pelo Hamas, pelo Hezbollah e por tantos outros elementos. A situação no Oriente Médio é muito sensível e pode facilmente gerar outra onda de violência. Temos todos, israelenses, palestinos e o mundo, a responsabilidade de empreender um esforço para evitar essa situação. Publicado na Folha SP Fonte: |
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