Gustavo Chacra, correspondente de
“O Estado de São Paulo” nas Nações Unidas
“O Estado de São Paulo” nas Nações Unidas
A Palestina moveu as duas primeiras peças hoje no tabuleiro da crise no Oriente Médio. Primeiro, Mahmoud Abbas apresentou a Ban ki-moon o pedido de reconhecimento do Estado. Em seguida delineou a sua proposta de paz no plenário da Assembleia Geral (fronteiras pré-1967, capital em Jerusalém Oriental e uma solução para a questão dos refugiados). Sabendo do movimento palestino, Israel mostrou as suas cartas no discurso de Benjamin Netanyahu. O líder israelense defendeu negociações “incondicionais” com a condição de o Estado palestino ser desmilitarizado, sem Jerusalém e em uma área da Cisjordânia que não ofereça riscos à segurança do país, além da presença do Exército de Israel no vale do rio Jordão. Levando em conta as movimentações dos dois lados, o Quarteto delineou uma proposta para palestinos e israelenses apresentarem sugestões em até 3 meses. Em seis, precisam ocorrer progressos substanciais das duas partes. Um acordo seria assinado antes do fim do ano que vem. Em seguida, o Líbano, que presidente o Conselho de Segurança, anunciou que uma reunião para analisar o pedido palestino acontecerá amanhã (dia 26 de setembro). 1. poderá aceitar dialogar imediatamente, tendo a cartada de poder insistir em voltar a qualquer momento para o Conselho de Segurança. Neste caso, terá maior poder de barganha. O risco para Abbas será internamente na Cisjordânia, onde podem encarar o adiamento como uma derrotaNo caso, Abbas terá três opções: Resultado – Vitória externa; incerteza interna 2. pode abdicar do Conselho de Segurança e aceitar a proposta francesa de tentar ser um Estado com status de observador. E, mesmo assim, poderia negociar com os israelenses com poder de barganha maior. Neste caso, teria amplo apoio internacional e precisaria explicar internamente a mudança. O ideal era optar por esta alternativa antes de apresentar o requerimento a Ban ki-moon Resultado – Vitória externa, derrota interna 3. rejeitar uma negociação no momento, ver os EUA usarem o poder de veto no Conselho de Segurança, perder a ajuda financeira e ver a manutenção do status quo na realidade da Cisjordânia. Seria visto como herói no mundo árabe, mas as consequências para o dia a dia dos palestinos seriam graves Resultado – Incerteza externa e incerteza interna Se Abbas optar por “1”, Netanyahu poderá A. negociar, sabendo não ter a mesma força das outras vezes. Neste caso, precisaria ceder em pontos inaceitáveis para a sua coalizão de governo. Mas o elogiariam por tentar a paz B. recusar, sendo mais isolado na comunidade internacional, onde até Bill Clinton e o New York Times o criticam publicamente. Mas se veria fortalecido dentro diante israelense. Os palestinos poderiam demandar a cidadania israelense, vendo frustrado o sonho de ter um Estado. Como Israel não a concederia, passariam a dizer que os israelenses praticam Apartheid Resultado – 1A. derrota interna, vitória externa Resultado – 1B. vitória interna, derrota externa Se Abbas optar por “2”, Netanyahu poderá A. negociar, sabendo que agora lida com um Estado reconhecido internacionalmente e pode levá-lo para a Justiça internacional B. recusar, sendo colocado no ostracismo até pela França e Grã Bretanha 2A. Vitória externa, derrota interma 2B. Derrota externa, vitória interna Se Abbas optar por “3”, Netanyahu A. poderá ignorar a atitude, já que terá uma decisão da ONU a seu favor graças ao veto americano. Mesmo assim, continuará isolado internacionalmente B. poderá negociar, mas ficaria completamente enfraquecido na sua base doméstica e alguns partidos da direita ou religiosos de Israel poderiam romper, levando ao naufrágio do seu governo 3A. Incerteza externa, vitória interna 3B. Vitória externa, derrota interna Como vocês agiriam se fossem Abbas ou Netanyahu? A resposta pode indicar o que pode acontecer |
Fonte
:
Nenhum comentário:
Postar um comentário