terça-feira, 8 de novembro de 2011

Nunca, Jamais, Bata No Seu Filho



Rabino Binyomin Ginsberg, collive.com
 
Este renomado educador tem uma regra imutável para os pais: nunca, jamais, bata no seu filho. E aqui está o porquê.

Rabino S. Binyomin Ginsberg recebeu sua ordenação da Yeshiva Telshe em Wickliffe, Ohio. E tem sido um educador há 27 anos. Desde 1999 Rabino Ginsberg é reitor da Academia de Torá em Minneapolis, Minnesota. Recebeu seu mestrado em educação na Universidade de Minnesota e em 2000; foi um Líder Senior no Centro para Educadores Profissionais Avançados em Jerusalém; em 2004 frequentou o Summer Institute no Centro de Diretores da Universidade de Harvard.

Recentemente graduou-se na Universidade Columbia para Gerenciamento de Escola Diária. Está na faculdade de Torá Umesorá em Nova York em treinamento de professores e é consultor para as escolas Oholei Torah, Beit Rivkah e Bnos Menachem em Crown Heights, além de consultor particular para pais em Crown Heights.

COLlive.com tem orgulho em recebê-lo para aconselhar regularmente nossos bloggers como parte do aperfeiçoamento do nosso projeto Comunidade.

Muitas vezes quando tenho de me dirigir a uma plateia, preparo minhas observações em forma de acrônimo. Também uso acrônimos em palestras longas e nas aulas que ministro. Considero-os bastante úteis para continuar concentrado e não sair do assunto. Também ajuda o ouvinte ou estudante a se concentrar e permite uma fácil revisão.

Num recente discurso que fiz a pais sobre o tópico da educação dos filhos, usei a palavra PAI como acrônimo. O P da palavra Pai significava PARE. Falei sobre alguns comportamentos que os pais devem parar de usar se pretendem seguir carreira como bons pais. Neste artigo, gostaria de me concentrar na mensagem de PARAR de bater nos filhos. Antes que você faça objeções à minha mensagem e proteste, leia por favor, e pelo menos escute o outro lado do argumento. Creio que já ouvi todos os motivos pelos quais as pessoas dizem que é uma boa ideia bater nos filhos, mas continuo firme na minha crença, de que um pai deve PARAR de bater num filho.

Não quero que a mensagem seja confundida e que haja um mau entendimento. Para todos os propósitos, quando uso a palavra BATER, incluo todas as formas de ataque físico do pai ao filho, incluindo um tapinha na mão.

Antes de prosseguir, estou mais do que familiarizado com a mensagem de Shlomo HaMelach em Mishlê (13:24), que aquele que bate com a vara, odeia o filho. Creio que há muitas maneiras de reconciliar esta mensagem com minha sugestão de jamais bater num filho.

Vamos começar com as minhas observações. No decorrer do meu trabalho, conheci e conversei com muitos filhos e pais. Ainda não encontrei um filho que alegasse que estaria muito melhor se tivesse sido mais “agredido” pelos pais e nunca encontrei um pai que se arrependesse de não ter batido mais nos filhos. Ninguém me convenceu que nada de mau acontece se não batermos nos filhos. Ninguém me mostrou que os filhos se tornam menos bem comportados se não batermos neles.

Porém, pelo outro lado, ouvi de muitos filhos e pais sobre os horrores envolvidos com castigos corporais. Embora eu ouça sua resposta dizendo bem, serei cuidadoso para bater no meu filho da maneira certa e meu filho terá benefícios com isso, tenho testemunhado a maneira muitos ferimentos por ter sido castigado fisicamente pelo pai, e creio que a melhor maneira é não bater e procurar maneiras melhores de conseguir que eles façam o que desejamos que façam.

Quando se ouve falar de alguém que ganhou um prêmio enorme na loteria e perdeu todo o dinheiro num período curto e como isso destruiu a pessoa, a reação é bem, eu faria tudo certo e não permitiria que a riqueza recém-ganha causasse qualquer problema. Os fatos mostram que não é bem assim que funciona. Creio que o mesmo risco se aplica com o prejuízo potencial de bater nos filhos.

Mas agora você provavelmente está pensando porque eu digo NUNCA quando todos fomos criados com o conceito de que até mesmo aqueles que não aprovam bater nos filhos concordam que se a criança corre para a rua ou faz algo perigoso, então precisa apanhar. Se você pode explicar o raciocínio para exceção sem sentido para bater, então por favor entre em contato comigo imediatamente, porque eu não entendo. Suspeito que é uma daquelas coisas que apenas passamos de uma pessoa para outra, presumindo que está correta, mas na realidade não tem uma explicação que faça sentido.

Você pode perguntar: se bater num filho é errado, por que não existe uma lei dizendo que é ilegal bater no próprio filho. Você está tão certo que os criadores das leis deveriam fazer isso. Tenho visto com tanta frequência danos resultantes de pais batendo nos filhos que acredito que seria um grande passo se isso fosse proibido por lei.

Há um ponto que devemos considerar quando olhamos os prós e os contras de pais batendo no filho. Você já se perguntou por que as crianças pequenas usam meios físicos para conseguir o que querem quando estão brincando com um amigo? É possível que a criança de dois anos pense ser aceitável bater porque vê isso como algo que a mãe ou o pai fazem? Por favor, não responda que a criança entende a diferença entre um dos pais bater e a criança bater, pois isso está longe da verdade. Apenas pelo objetivo de aprender como lidar com as coisas erradas, é uma boa ideia não usar o modelo da agressão. Creio que exatamente por este motivo, faz sentido banir a agressão.

Recentemente compartilhei essa mensagem com um grupo de pais e uma mãe disse que lembra-se das quatro vezes em que apanhou do pai, e como ela soube e sentiu que aquele era um gesto de amor. Embora eu realmente duvide que ela estivesse sendo sincera sobre os seus sentimentos, essas exceções não devem ser motivo para dar luz verde para que todos os pais batam. Certa vez ouvi em nome de Rav Moshê Shapiro shlit’a sobre uma grande Rebetsin que lhe contou como o pai bateu nela em duas ocasiões e como ela sentiu que tinha ganho muito com aquilo. Ela disse como tinha plena certeza de que o pai estava batendo nela apenas para seu benefício, e não por raiva. No entanto, Rav Shapiro disse que em nossa época, bater não é a atitude adequada. Ele explicou que é necessário ser uma pessoa notável para tirar vantagem desse método de disciplina.

O único verdadeiro desafio para a posição de NUNCA bater num filho é o passuk em Mishlê citado acima. A resposta já foi abordada por muitos grandes educadores afirmando que esta é uma das raras exceções nas quais temos de dizer que nossos tempos mudaram e exigem uma mudança na maneira de criarmos os filhos. Eu ouvi pessoalmente esta resposta de Rav Shlomo Wolbe z’l e sua posição contra pais baterem nos filhos está bem documentada. Rav Wolbe explicou que a palavra VARA não significa somente bastão, mas também pode significar um olhar rigoroso.

Ouvi o mesmo conselho de Rav Michak Kefkowitz e no Sefer Darchei HaChaim que ele escreve sobre o que aconteceu quando ele ouviu um pai batendo no filho. Ele disse que se tivesse força, teria ido deter o pai. Num encontro de Menahelim com Rav Michal Yehuda shlit’a, ele partilhou essa ideia da mudança no decorrer das gerações e portanto a mudança de atitude. Falou sobre a famosa Guemara em Mesichta Sotah (47 a) que nos instrui a atrair um aluno a nós com a mão direita e empurrá-lo com a esquerda – dois passos que devem ser feitos ao mesmo tempo. Explicou que devido aos tempos em que vivemos, o certo é atrair o aluno com a mão direita.

Certa vez perguntei ao meu Rabino, o Nesivos Sholom z’l, qual era a idade certa para um bochur começar a procurar um shiduch. Ele respondeu que ele tem um klal (regra geral) que um bochur não deveria começar a procurar um shiduch até uma certa idade (que não é importante aqui na discussão), mas ele acrescentou que tinha outro klal que há sempre um yotzei mim haklal (uma exceção à regra).

Emboora eu não tenha a chutzpá, ousadia, de ir contra meu rabino, não sei de nenhum incidente no qual faria sentido haver uma exceção à regra de NUNCA bater num filho. Posso declarar confortavelmente que bater numa criança é errado e uma criança nunca, sob nenhuma circunstância, deve ser agredida. Vamos usar nossa inteligência e descobrir maneiras mais sensíveis para disciplinar. Você ficará surpreso pelos métodos que vai encontrar e o quanto eles são mais eficazes.
  
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