segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Células-tronco em debate : Rabino Y. David Weitman responde


Morashá: O judaísmo opõe-se à pesquisa e às descobertas científicas? Utilizá-las é interferir na obra Divina?
Rabino Y. David Weitman: De acordo com o judaísmo, temos permissão e obrigação Divinas de pesquisar a fim de curar o ser humano. Ou seja, isso não se constitui em um desafio à vontade Divina. Nós não achamos que isso seja "brincar de D'us". Pelo contrário, o judaísmo acredita que D'us convidou o ser humano a ser Seu sócio na obra da Criação. O homem, tem o direito e o dever de aperfeiçoar a obra Divina, que, em certos casos, foi deixada inacabada por Ele. De acordo com o judaísmo, é uma obrigação desenvolver este mundo da melhor forma possível para que ele seja proveitoso ao ser humano. A concepção dessa sociedade entre D'us e a humanidade está claramente expressa e definida nas palavras dos nossos grandes vultos, pensadores e legisladores judeus; não há qualquer dúvida a respeito.Tal associação explica a razão pela qual, em todos os séculos, grandes médicos e cientistas judeus se destacaram a ponto de ter participado da descoberta de tantas curas, como antibióticos eficazes contra moléstias infecciosas e outros. E, por essa razão, o judaísmo não tem absolutamente nada contra as novas tecnologias. Somos favoráveis às complexas cirurgias para quem delas necessita, apesar de termos a plena consciência de que a doença proveio dos Céus. Como já foi explanado em outra oportunidade,1 o judaísmo é categórico: o ser humano deve emular D'us quanto ao preceito de curar a doença e aliviar a dor,ao máximo. Todavia, é importante ter em mente que cada descoberta, científica ou tecnológica, pode ser potencialmente uma bênção, ou o oposto. Será uma bênção quando acrescentar dignidade ao homem, e quando realmente reduzir a dor, a doença e a miséria. E será uma maldição, D'us nos livre, quando for usada irresponsavelmente. A ciência e a tecnologia aqui estão para servir à humanidade, e não para se servir dela. Essa é a razão pela qual cada nova descoberta precisa ser analisada pelos grandes sábios judeus, competentes tanto no âmbito da lei (halachá) quanto em matéria científica, a fim de certificar se a novidade transgride algo que seja proibido pela halachá. Tudo para que as conseqüências não vão de encontro ao espírito judaico, e para que haja proveito real ao ser humano, um proveito maior que qualquer eventual prejuízo. Os sábios, obviamente, terão de analisar também se, ao permitir certas descobertas, não estarão encorajando a extrapolação e facilitando que coisas proibidas sejam autorizadas. Checar se não há qualquer contradição com matéria de fé, moral e ética etc. Tudo deverá ser pensado e repensado para que se possa fazer uso da nova descoberta.

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