Por Rabino YY Jacobson | ||||
Os dramáticos eventos que ocorrem na Líbia, Síria, Egito e outros países no Oriente Médio e na África, bem como a recente troca de Gilad Shalit por 1.027 prisioniros árabes, deveriam servir como um chamado urgente para o mundo judaico reclamar sua missão de fé articulada no momento em que a nação nasceu, 3.800 anos atrás. Como a fé judaica veio a existir? O Midrash descreve o nascimento do Judaísmo com a seguinte parábola: O Eterno disse a Avraham: “Deixa tua terra, teu local de nascimento, a casa de teu pai.” A quê isso pode ser comparado? A um homem que estava viajando de um local a outro quando avista um palácio em chamas. Ele pergunta a si mesmo: “Será possível que o palácio não tenha dono?” O dono do palácio olhou para fora e disse: “Eu sou o dono do palácio,” Assim Avraham, nosso pai, disse: “É possível que o mundo não tenha um governante?” D'us olhou para fora e disse a ele: “Eu sou o governante, o Soberano do universo.” (Midrash Rabah Bereshit 39:1) A dúvida de Avraham é clara. Este ser humano sensível contempla um universo brilhantemente estruturado, uma extraordinária obra de arte. Ele é tocado pela grandeza do pôr-do-sol e pelo milagre do nascimento de uma criança. Fica maravilhado com as ondas do oceano e pelo bater compassado e silencioso do coração humano. O mundo de fato é um palácio. Porém o palácio está em chamas. O mundo está repleto de violência, derramamento de sangue, injustiça e conflitos. Ladrões, criminosos, estupradores e assassinos estão continuamente demolindo o palácio e seus reais moradores. Os dissidentes são torturados; quem protesta é cortado fora como grama. A vida humana não tem valor. O que aconteceu ao dono do palácio? Avraham grita. Por que D'us permite que o homem destrua Seu mundo majestoso? Por que Ele permite que um universo tão lindo fique em chamas? Poderia D'us ter feito um mundo apenas para abandoná-lo? Alguém construiria um palácio e então desertaria dele? Então “O dono do palácio olhou para fora e disse: ‘Eu sou o dono do palácio.’ D'us olhou para fora e disse a Avraham: ‘Eu sou o governante, o Soberano do universo.’” O Midrash registra a resposta de D'us. O Rabino Chefe da Inglaterra, Professor Jonathan Sacks, apresenta essa instigante interpretação à resposta de D'us. Onde Está o Homem? Note que o dono do palácio não faz uma tentativa de sair do edifício em chamas ou de extinguir o fogo; ele está meramente declarando que é o dono do palácio que se esvai em fumaça. Por que ele não sai da mansão? É como se, em vez de fugir, o dono estivesse pedindo ajuda. D'us fez o palácio, o homem o incendiou, e somente o homem pode apagar as chamas. Avraham pergunta a D'us: “Onde estás?” e D'us responde: “Estou aqui, onde está você?” O homem pergunta a D'us: “Por que abandonaste o mundo?” e D'us pergunta ao homem: “Por que tu Me abandonaste?” Assim começa a revolução do Judaísmo – o corajoso empreendimento humano de extinguir as chamas da opressão e violência, e restaurar o mundo ao palácio harmonioso que deveria ser. O encontro de Avraham com D'us na presença de um palácio em chamas deu origem à declaração da missão do Judaísmo: ser obcecado pelo bem e horrorizado pelo mal. Reivindicando Nossa Missão Durante tempo demais, os judeus sucumbiram ao apelo da popular noção de que não existe algo como comportamento do mal absoluto. “Não julgarás”, tornou-se nosso lema mais prezado. Fomos ensinados, em vez disso, a sondar e entender as frustrações subjacentes que obrigam o agressor a tomar este caminho extremo. Este ponto de vista sofisticado e camarada nos permitiu sustentar nossa ética de tolerância ilimitada, aceitando todas as formas de comportamento como justas, pois no âmago de cada ato cruel há um coração que sofre. Poucas ideias foram rejeitadas na Torá com tanta paixão. Porque o Judaísmo tem como seu ideal mais elevado a criação de um mundo bom e ético, ao passo que a recusa em defender aquilo que é errado resulta em sua vitória. Uma visão complacente sobre um terrorista suicida, por exemplo, pode apelar à nossa compaixão e entendimento, porém na realidade é uma exibição de extrema crueldade para com as vítimas inocentes que morrerão nas mãos de militantes frustrados. O Judaísmo, em sua obcecada tentativa de transformar o mundo num luxuoso palácio, criou padrões universais absolutos para o bem e o mal definidos pela Torá. Tirar a vida de um inocente é errado, é o mal. Não há desculpas, “ses”, “mas” ou “por quês”. O assassino pode estar sofrendo muito, mas isso nunca justifica o mal de assassinar um ser humano inocente. Porém, tragicamente, nos tornamos insensíveis à nossa declaração de missão. Já faz muitos anos que o Estado Judaico exibe tolerância com os terroristas, negligenciando nossa mais prezada doutrina de que a preservação da vida humana está acima de qualquer outra consideração. Os resultados da nossa confusão moral são devastadores: milhares de judeus e árabes inocentes agora estão mortos. E terroristas no mundo inteiro aprenderam que podem continuar sua obra desprezível sem serias consequências. As pessoas boas do mundo estão esperando para serem inspiradas pela nossa missão de enfrentar o mal e bani-lo do palácio de D'us. Fonte: |
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
O Palácio Está em Chamas
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