Fragmento da obra "Exodus", de Marc Chagall,gouache sobre cartolina
Maior monarca na história judaica, líder justo e inteiramente devotado a seu povo, David foi, acima de tudo, um homem da mais profunda fé, responsável por abrir as portas do arrependimento para todas as gerações futuras.
Um dos "Sete pastores" do povo judeu, o rei David alcançou o ápice da grandeza espiritual e o Zohar o equipara aos três Patriarcas por ter sido, como eles, um homem que dedicou sua vida a servir a D'us. Guerreiro poderoso e invencível, David consolidou as 12 tribos de Israel em uma única nação, forte e unida. Derrotou seus inimigos, transformando-a em uma terra segura e próspera, que legou de herança a seu filho, o rei Salomão. David deixou a todos os judeus - e a toda a humanidade - um legado de fé e coragem, o Tehilim, Livro de Salmos, bem como a dinastia real de Israel da qual sairá o Mashiach, seu descendente, que virá inaugurar uma era de paz e prosperidade para o mundo todo. Ascensão de um novo Rei de Israel Na edição anterior de Morashá, concluímos o artigo "David, pastor e guerreiro" com o relato da batalha na qual Israel foi derrotado pelos filisteus e o rei Shaul e seu filho, Yonatan, perderam a vida. Após a derrota, o povo judeu sente-se desolado e sem rumo. Mas, quando tudo parecia perdido, emerge um novo líder para restaurar a glória de nosso povo. Apesar de o rei Shaul tê-lo perseguido com persistência, a ponto de o forçar ao exílio, David lamentou, no mais profundo de seu ser, a tragédia que se abateu sobre o primeiro monarca de Israel. E, quando toma conhecimento da batalha contra os filisteus e de seu resultado, David rasga suas vestes, chora e jejua durante um dia, em sinal de luto pela derrota de seu povo e pela morte do Rei e de Yonatan, a quem tinha como amigo. Como expressão da profunda angústia que lhe ia n'alma, David compõe um lamento que foi imortalizado nas páginas que abrem o segundo Livro de Samuel. Contudo, apesar de ter sido ungido Rei de Israel pelo profeta Samuel, David, numa demonstração de humildade que marcaria toda a sua vida, não reivindica o trono por não saber se chegara a hora. Aliás, nem mesmo volta à Terra de Israel sem antes obter de D'us a permissão. Após ter recebido a ordem Divina, David ascende à cidade sagrada de Hebron, onde se estabelece. De acordo com o Zohar, ele não poderia se tornar Rei de Israel antes de ir àquela cidade e se unir espiritualmente com os três Patriarcas, lá enterrados na Caverna de Machpelá. É nessa cidade, Hebron, que, ungido rei pelos líderes da Casa de Yehudá, David inicia seu reinado. Enquanto David reinava sobre Yehudá, Avner, comandante dos exércitos reais, conduz Ish Boshet, filho do rei Shaul, ao trono de Israel. Trava-se, então, uma longa guerra entre a Casa de David e a de Shaul e, na medida que esta ia enfraquecendo, a de David ia-se fortalecendo. E quando Ish Boshet, após uma amarga discussão, se desentende com Avner, aquele que o levara ao poder, este último percebe haver chegado a hora de ajudar David a obter o reino de Israel. Avner declara, então, sua lealdade a David, informando a todas as tribos de Israel que, como determinara o Eterno, é ele o seu legítimo rei. Em seguida, vai até Hebron para se encontrar com David, propondo-lhe congregar representantes de todas as tribos, para firmar oficialmente uma aliança com David e assim alçá-lo ao trono de toda Israel. Mas, ao retornar do encontro, Avner é morto por Yoav, sobrinho de David e comandante de seus exércitos. Yoav matou Avner porque este matara seu irmão, Asahel. Obviamente, as suspeitas recairiam sobre David; afinal, Avner empossara Ish Boshet como sucessor de Shaul. No entanto, o óbvio não se realiza, pois David fica sinceramente condoído e enlutado pela falta de Avner, a quem muito respeitava. Esta reação diante da morte daquele que era considerado seu adversário lhe traz a confiança da nação. Segue-se o assassinato de Ish Boshet, enquanto dormia, por dois de seus comandantes. Estes acreditavam que, assim agindo, conquistariam favor aos olhos de David. Em seu entender, estava removida a última barreira à coroação deste último como Rei de Israel. Portanto, após cometer o assassinato, dirigem-se a ele para lhe relatar o ocorrido. São surpreendidos pela reação de David que, estupefato com a traiçoeira covardia contra um inocente e que era, sobretudo, o Rei de Israel, ordena que ambos sejam executados. Mais uma vez, David demonstrava que Israel, seus líderes, a Palavra de D'us e a justiça lhe eram mais importantes do que a concretização da profecia - de que ele, David, tornar-se-ia Rei de Israel. Esta atitude foi uma constante ao longo de sua vida. Como revela em seus Salmos, David não via valor em si próprio; mas via um valor supremo, incomensurável, em D'us, na Torá e no Povo Judeu. Após a morte de Ish Boshet, concretiza-se a profecia de Samuel. Representantes de todas as tribos vão a Hebron pedir a David que reine sobre eles. E assim, aceito por toda a Nação Judaica, consuma-se de fato a unção que lhe dera, anos antes, o profeta Samuel. | |
FONTE: |
Nenhum comentário:
Postar um comentário