quinta-feira, 8 de março de 2012

Moshê quebra as tábuas


Ao retornar ao pé da montanha, Moshê encontrou seu fiel discípulo Yehoshua acampado lá. Yehoshua lá esperara por ele durante quarenta dias. D'us fez um milagre especial pelo justo Yehoshua e todas as manhãs caía maná do céu no lugar onde ele aguardava.
Juntos, aproximaram-se do acampamento e ouviram os ruídos tumultuados e barulhentos das celebrações à volta do bezerro.
"Estes sons parecem o clamor de uma guerra", observou Yehoshua.
"Você está me desapontando, Yehoshua.", respondeu-lhe Moshê. "Você não é capaz de distinguir entre um som e outro? Este não é grito de vitória, tampouco de derrota. Nós estamos ouvindo hinos de enaltecimento para um ídolo!"
Ao entrar no acampamento, eles avistaram o bezerro de ouro e a celebração e as danças que o acompanhavam. "Não posso outorgar-lhes as tábuas", pensou Moshê. "A Torá afirma que alguém que renega D'us não pode tomar parte na mitsvá da oferenda de Pêssach. Todo o povo afastou-se agora de D'us, e o renegaram. Certamente, não merecem receber as tábuas, que contém todas as mitsvot."
Ao olhar para as tábuas, Moshê notou que a escrita gravada nelas desaparecera. Percebeu que as letras - a alma e o conteúdo espiritual das tábuas - estavam voando pelo ar. A santidade das letras não podia entrar no acampamento. As tábuas que estavam nas mãos de Moshê eram meras pedras, pesadas, sem vida. Moshê levantou-as e, com sua força descomunal, espatifou-as de encontro ao chão.
Por que Moshê agiu desta maneira? Ele temia que o julgamento do povo de Israel seria mais duro se eles possuíssem as tábuas. Se não as tivessem, sua punição seria mais branda.
Pouco depois do casamento de um famoso estadista, começaram a circular rumores de que sua nova esposa não lhe era fiel. O casamenteiro imediatamente rasgou o contrato de casamento, pensando: "É melhor para ela que seja julgada como se ainda fosse solteira, do que como uma senhora casada!"
Similarmente, Moshê raciocinou que as tábuas, que estabeleciam permanentemente o elo entre D'us e o povo de Israel, os colocaria numa posição de mulher casada. D'us condenaria sua falta de fidelidade muito mais se eles possuíssem as tábuas, do que se nunca as tivessem recebido.
Por que Moshê não espatifou as tábuas assim que D'us lhe contou, lá no Céu, que os judeus fizeram uma imagem? Moshê esperou até testemunhar o crime realmente, para ensinar que um juiz nunca deve basear o seu veredicto no relatório de uma só testemunha, seja esta tão fiel quanto possa ser.
D'us parabenizou o ato de Moshê, exclamando: "Yasher Côach! Você fez bem em quebrar as tábuas!"
A quebra das tábuas foi um substituto para a quebra do povo judeu.
Moshê pune os adoradores do bezerro
Quando Moshê observou o povo, percebeu que a Presença Divina os havia deixado. Todos os adoradores tinham suas testas cobertas por lepra.
No momento que Moshê entrou no acampamento, seu irmão Aharon estava parado próximo do bezerro com um martelo levantado em sua mão, pronto para dar o retoque final na imagem, com mais algumas batidas. Sua intenção era de dizer ao povo que o bezerro ainda não estava pronto, impedindo-os assim de adorá-lo naquela hora. No entanto, vendo seu irmão parado com uma ferramenta, ajudando a construir a imagem, Moshê entendeu a situação erroneamente, sua cólera se ascendeu contra seu próprio irmão.
"O que este povo te fez", trovejou Moshê, "para que você trouxesse este grande pecado sobre eles?"
Aharon se defendeu: "Por favor, que a ira do meu mestre não seja direcionada a mim. Sabes que os elementos mais baixos do povo têm testado D'us constantemente. Eles exigiram que eu lhes desse alguém que o substituísse, sem saber que ainda estavas vivo. Perguntei se alguém tinha ouro, e eles rapidamente me trouxeram todo o ouro que estava em sua posse e joguei-o dentro do fogo - como é que eu iria saber que sairia este bezerro?"
Apesar de Aharon ter agido da maneira errada, Moshê compreendeu as nobres intenções do seu irmão.
Em seguida, Moshê queima o bezerro no fogo e o tritura até transforma-lo em pó. Moshê misturou o pó com água e o deu de beber a todos os judeus.
Qual foi o sentido disso?
Em primeiro lugar, fez com que todo judeu que pensara que o bezerro era um deus compreendesse que estava enganado. O bezerro não era um deus, pois havia terminado no estômago de um homem!
Em segundo lugar, D'us fez um milagre com a água. Todo judeu que havia servido o bezerro de ouro deliberadamente mas que não podia ser castigado pelo tribunal, pois não havia sido avisado, nem tinha testemunhas que o tivessem visto pecar, sentiu que o estômago se inflava como um balão. Continuou crescendo e crescendo até explodir e ele morrer.
Mas os judeus que não tinham pecado não foram afetados pela água. Àqueles que eram inocentes, Moshê deu uma bênção especial para compensá-los pelo humilhante processo pelo qual tiveram que passar, prometendo: "Seus filhos com certeza entrarão em Israel!"
Moshê proclamou: "Aquele cujo coração for totalmente dedicado a D'us, que venha até mim!" Moshê precisava de pessoas íntegras e capacitadas para formar um tribunal que executasse os pecadores.
Somente a tribo de Levi respondeu ao chamado de Moshê. Todas as outras tribos tinham contribuído com jóias para o bezerro.
Moshê ordenou-lhes: "Desembainhem suas espadas. Todo judeu que foi advertido por duas testemunhas para que não adorasse o bezerro de ouro e que foi visto mais tarde por duas testemunhas a servir ao bezerro, deve ser morto por vocês. Mesmo se o homem for seu parente ou amigo, devem matá-lo!"
Os levitas executaram três mil pessoas com espadas, todos eles egípcios convertidos.
O resto do povo de Israel podia facilmente ter impedido que os levitas matassem esses judeus, mas nem um só deles protestou. Pois os judeus eram verdadeiros justos que obedeciam a Moshê. Sabiam que estes mereciam ser punidos desta forma pelo seu pecado, e aceitaram sem discussão.
Na manhã seguinte, Moshê informou o povo de que ele retornaria ao céu para rogar a D'us que os perdoasse. Moshê, em sua grande sabedoria, primeiramente eliminou o bezerro de ouro, e somente depois pediu Seu perdão.
Moshê raciocinou que seria inapropriado pedir a D'us por perdão enquanto o bezerro ainda existisse.
"Antes vou destruí-lo", pensou, "e depois pedirei perdão a D'us pelo pecado."
Para o povo ele disse: "Vocês agiram muito mal! Todos vocês são culpados por não ter protestado contra o bezerro! Deixem-me retornar a D'us; quem sabe alcançarei o perdão pelo vosso pecado!"

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