As palavras “povo eleito” deram origem a muitas ilações capciosas. A maioria delas provém da falta de familiaridade com a tradição judaica e de uma incompreensão daquilo que o Judaísmo considera seu papel específico e sua responsabilidade.
Não se consideram os judeus dotados de quaisquer características, talentos ou capacidades peculiares, nem tampouco que gozem de algum privilégio especial aos olhos de D'us. A Bíblia refere-se à escolha de Israel por D'us, não em termos de preferência divina, mas antes por divina intimação. Israel foi escolhido para trilhar uma vida de grandes exigências espirituais; para honrar e perpetuar as Leis de D'us e transmitir a Sua herança.
Relata a tradição o episódio do Monte Sinai, em que a Torá foi completada. D'us oferecera o rôlo sagrado a diversas outras nações antes de oferecê-lo a Israel. Julgando que os Dez Mandamentos lhes impunham muitas limitações, os moabitas recusaram aTorá. Tampouco os amonitas quiseram aceitar restrições à sua liberdade pessoal. Israel, porém, aceitou a Lei sem reservas.
Os judeus de nossos dias, portanto, consideram-se um povo que escolhe, antes que um povo escolhido, e aceita “o peso da Torá”, e a responsabilidade de transmitir sua moral básica e suas verdades espirituais.
Todavia, os judeus responsáveis rejeitam qualquer degeneração desse senso de fatalidade num arrogante e vazio jacobinismo ou numa confusão de responsabilidade com privilégio.
Fonte: Rabino Morris Kertzer - Livro - What is a Jew?
A primeira edição, bem como a adaptação para o português, desta obra, foi planejada e realizada pelo Istituto Brasileiro Judaico de Cultura e Divulgação.
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