Samuel Feldberg
O conflito entre israelenses e palestinos, que já poderia ser chamado de uma nova “Guerra dos Cem Anos”, se mantém nas manchetes dos meios de comunicação e atrai a atenção de todo o mundo.
Envolve corações e mentes e fatalmente gera identificação com algum lado daqueles que tentam se aprofundar no tema. Como não poderia deixar de ser, permite que os fatos sejam distorcidos, manipulados ou simplesmente interpretados de forma a gerar simpatia por um ou outro dos envolvidos.
Judeus e árabes, que conviveram durante séculos nas áreas do mundo dominadas pelo Islã, passaram a se enfrentar no território da Palestina a partir do início do século XX. Não em um conflito religioso, mas como reflexo natural da intensificação do sentimento nacionalista em todo o mundo.
A maior parte dos Estados árabes foi criada pelos ingleses após a Primeira Guerra Mundial e a comunidade judaica, que vivia na Palestina, esperava que um Estado judeu fosse criado na região de onde o povo judeu havia sido expulso após sua derrota para os romanos no ano 70 da era cristã.
Os conflitos provocados pela população e liderança árabes, que se opunham à imigração judaica, levaram a ONU a decidir pela criação de dois Estados, decisão que os árabes rejeitaram por quase 70 anos.
O Estado israelense se expandiu por força das guerras que lhe foram impostas e enfrenta até os dias de hoje organizações que pregam abertamente sua destruição. Absorveu milhões de imigrantes, entre eles toda a população de judeus que habitavam os países do Oriente Médio, cuja vida foi se tornando intolerável à medida que ficava evidente que Israel não seria destruída. Abriga hoje mais de um milhão de árabes israelenses, que preferem manter sua cidadania, mesmo se tiverem a opção de virem a se tornar cidadãos de um Estado palestino.
Hoje, quando os palestinos são aqueles que reivindicam um Estado próprio, os dois lados enfrentam um impasse. Os israelenses se questionam se devem entregar territórios conquistados a um adversário no qual não confiam. Os palestinos acreditam que já não têm nada a perder se não puderem criar um Estado independente no território em que vive a maior parte de sua população.
A iniciativa está nas mãos dos radicais de ambos os lados, laicos e religiosos, perpetuando uma situação de conflito. Com tantos acontecimentos dramáticos ao redor do mundo, toda a atenção que o problema atrai não é suficiente para promover uma solução que permita levar a paz aos dois povos.
Fonte: JORNAL HOJE EXPLICA - SAMUEL FELDBERG
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