Cristãos e judeus partilham a mesma opulenta herança do Antigo Testamento, com suas verdades eternas e seus valores imutáveis. Partilham sua crença na paternidade de um só D'us, Onisciente, Todo-Poderoso e sempre Misericordioso. Compartilham sua fé na santidade dos Dez Mandamentos, na sabedoria dos profetas e na fraternidade humana. O núcleo de ambas as religiões é a firme crença no espírito humano; a busca da paz e o ódio à guerra; o ideal democrático como guia da ordem política e social; e, acima de tudo, a natureza imperecível da alma do homem.
Tanto cristãos quanto judeus acreditam que o homem foi posto no mundo para um fim - que a vida é muito mais do que “um brilhante interlúdio entre dois nadas”. O alvo social da Cristandade e do Judaísmo é também um único: um mundo motivado pelo amor, pela compreensão e pela tolerância aos semelhantes.
São esses os pontos básicos de concordância - o vasto campo comum do Judaísmo e do Cristianismo que forma a herança judaico-cristã, porquanto as raízes do Cristianismo se entranham profundamente no solo do Judaísmo, no Velho Testamento e na Lei Moral. E a herança comum de ambas as fés lançou os alicerces de grande parte do que conhecemos por civilização ocidental.
Mas existem, naturalmente, vários pontos distintos entre as duas religiões. Os judeus reconhecem a Jesus como um filho de D'us no sentido de que somos todos filhos de D'us, pois os antigos rabis nos ensinaram que uma das maiores dádivas de D'us ao homem é o conhecimento de sermos feitos à Sua imagem. Mas não aceitam a sua divindade.
Os judeus também rejeitam o princípio da encarnação de D'us feito carne. Constitui dogma cardeal de sua fé que D'us é puramente espiritual e não admite qualquer atributo humano. Ninguém, acreditam eles, pode servir de intermediário entre o homem e D'us, nem mesmo num sentido simbólico. Aproximando-nos de D'us - cada homem à sua maneira pessoal - sem um mediador(11).
O Judaísmo difere também do Cristianismo na doutrina do pecado original, não interpretando a história de Adão e Eva como a perda da Graça pelo homem, e não procurando tirar da alegoria do Jardim do Éden quaisquer lições ou regras sobre a natureza humana.
Fonte: Rabino Morris Kertzer - Livro - What is a Jew?
A primeira edição, bem como a adaptação para o português, desta obra, foi planejada e realizada pelo Istituto Brasileiro Judaico de Cultura e Divulgação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário